sábado, 4 de agosto de 2012

Centro Espirita e os Passes de Desobsessão





O Presente trabalho é uma reflexão sobre a momentosa questão das terapias desobsessivas e foi elaborado com a finalidade específica de ser apresentado, como tema livre, à Comissão Executiva do I Congresso Espírita Brasileiro.
Baseamo-nos nas atividades do gênero realizadas no Centro Espírita Caminho da Redenção, de Salvador – Bahia, ao qual estamos vinculados desde o ano de 1965, participando de reuniões de exposição doutrinária, aplicando passes, doutrinando Espíritos ou dirigindo eventualmente reuniões mediúnicas e, nos dez últimos anos, integrando a equipe do Projeto Manoel Philomeno de Miranda, que se dedica ao trabalho itinerante de fazer divulgação e treinamento a respeito das questões e práticas em torno da mediunidade, das reuniões mediúnicas, da terapia pelos passes e do atendimento fraterno.
Pretendemos demonstrar que as terapias desobsessivas na Casa Espírita dependem do conjunto de todas suas atividades, umas diretamente relacionadas com o atendimento aos enfermos – o Atendimento Fraterno, a Exposição Doutrinária, a Terapia pelos Passes e a Reunião Mediúnica – e outras de natureza formativa e integrativa, que se vão delineando, naturais, após a fase do atendimento de choque, próprio da chegada do carente à Casa Espírita, atividades estas que chamamos de “A promoção do ser” e que abrangem oportunidades para o estudo e o trabalho sem os quais não se alcança efetivamente a cura real.
Todo esse conjunto de tarefas, quando brota de um Centro Espírita bem estruturado em que suas equipes se entrelaçam num clima de harmonia e amizade legítima, cria uma “aura” de superior qualidade na Casa que se constitui a base para o êxito de suas atividades desobsessivas.
A desobsessão se processa nos planos espiritual e físico, em verdade, um sendo a continuação do outro, porque entrelaçados, mas que devem ser cuidados de per si, tarefas do plano físico geridas pelos homens, mediante inspiração dos Espíritos, e tarefas do espiritual geridas pelos Espíritos com a colaboração dos homens.
Essa percepção deverá induzir os encarnados a realizar bem as suas para não opor obstáculos aos bons Espíritos, que sempre realizam bem as deles. Jamais, portanto interferir na gerência dos Mentores, o que poderá estar sendo feito inconscientemente quando se evocam (direta ou indiretamente) entidades sofredoras para que se comuniquem ou quando se pretende fazer atendimentos além da capacidade e delegação de que se dispõe.
Daí porque, no âmbito da desobsessão, há duas vertentes de ação bem definidas, ou seja: o atendimento aos encarnados (A) e o atendimento aos desencarnados (B)

Desenvolvimento:

A – Atendimento aos Encarnados
A.01 – O Padrão Vibratório do Centro Espírita.
Este é o ponto de partida e o fator preponderante que habilita a equipe de trabalho de um Centro Espírita para uma atuação bem sucedida na área desobsessiva.
O Centro Espírita que se quer dedicar a esse mister tem que ser preservado das desarmonias vibratórias geradas pelas mentes de seus participantes. Deve haver nele um clima fraternal predominante e seus membros interessados sinceramente na proposta evangélica do amor e da solidariedade entre todos. Referimo-nos ao Centro Espírita como um todo, e não apenas aos grupos mediúnicos, pois todos os seus setores se influenciam reciprocamente, concorrendo cada um para o êxito ou prejuízo dos demais e do conjunto, conforme o teor de cada equipe. Assim, pois, bons pensamentos, sacrifícios, equilíbrio nas ações, doações amorosas elevam o padrão vibratório do Centro Espírita oferecendo bases seguras para a desobsessão. Fora dessa condição, o clima psíquico não favorece as manipulações socorristas especializadas, sequer permitindo a presença dos bons Espíritos, que não vão a lugares onde sabem que as suas presenças são inúteis.
Essa idéia de “aura psíquica do grupo” tem sustentação em André Luiz, no livro Nos Domínios da Mediunidade,quando se referiu ao psicoscópio, enfatizando que os Benfeitores Espirituais podem determinar a posição de cada freqüentador, examinando as suas qualificações e programando para eles, no tempo, as possibilidades de trabalho na seara do amor e do bem. Ora, o que se dá a nível de pessoa, se dá a nível de grupo, podendo-se definir o padrão vibratório de um grupo como a média do de seus membros. Portanto, uma regra em desobsessão é que cada um (pessoa ou Instituição) caminhe de conformidade com os recursos espirituais de que possui, valendo o esforço por manter conduta saudável, que se refletirá positivamente no ambiente da Casa Espírita. Isto remete-nos a outra questão: uma equipe de desobsessão não se improvisa; é uma outorga que já vem definida como compromisso reencarnatório daqueles que têm condições de realizá-la.
A.02 – Atendimento Fraterno.
O Atendimento Fraterno é a porta de acesso por onde o indivíduo carente se adentra ao Centro Espírita. É nele que as suas enfermidades espirituais serão diagnosticadas enquanto lhe são prescritas as orientações e terapias de que se deve utilizar para o processo da desobsessão.
Ressalte-se que, ali mesmo, enquanto desabafa dramas íntimos, já os Espíritos iniciam o socorro, desacoplando parasitas espirituais e renovando-lhe as paisagens mentais e emocionais numa desobsessão lúcida, que antecede o socorro a ser dispensado nas demais etapas do atendimento.
Nesse trabalho, alguns cuidados devem ser tomados para não lesar a sensibilidade do atendido, tirando dele mais do que se lhe dá. Por exemplo: jamais dizer-lhe intempestivamente: “Isto o que você está sentindo é obsessão; você está sendo perseguido por Espíritos maus...”; nem assustá-lo com opiniões inoportunas: “Você é médium; precisa desenvolver imediatamente, senão...”; tampouco prometer-lhe curas, porque estas, dependem basicamente do esforço de cada um para se melhorar e da extensão dos débitos que tem com a Vida.
Ao contrário, o Atendimento Fraterno deve caracterizar-se pela técnica correta de levar o atendido à conscientização de seus problemas e despertar nele a vontade de crescer para superar as dificuldades momentâneas que vivência.
Primeiramente atender bem, ouvi-lo com interesse e compaixão para que ele, na sua catarse, se envolva na energia do atendente fraterno abrindo-se ao processo de ajuda. Em seguida, responder-lhe questões e dúvidas, correspondendo-lhe às expectativas pessoais, intelectuais e sobretudo emocionais, para levá-lo à compreensão da própria experiência. Depois virá a fase do personalizar, ou seja: individualizar a experiência, em que o atendente fraterno estimula o atendido, encoraja-o, estimula-o a sentir-se apto e responsável por si mesmo, levando-o a compreensão de sua experiência de vida. E por fim, orientá-lo quando o ajudado deve encontrar por si, com o auxílio do ajudador, um caminho a seguir, e, conhecendo as possibilidades que o Centro e o Espiritismo oferecem, escolher as que deve utilizar para a superação de suas dificuldades.
Fecharíamos este capítulo deixando bem claro que a orientação a ser dada será a espírita, sempre, não cabendo opiniões pessoais nem quaisquer outras, baseadas em doutrinas diferentes, por mais respeitáveis sejam ou pareçam.
No contexto destas orientações se insere o aconselhamento para que se busque o atendimento profissional especializado na área da saúde (médico, psicológico ou congênere) muitas vezes indispensável até mesmo para que a assistência espiritual de natureza terapêutica funcione.
A.03 – A Terapia Pelos Passes.
De valor incomensurável como terapia desobsessiva a transmissão de bioenergia.
Promove o desligamento de seres espirituais negativos, enseja a assepsia dos centros de força, dispersando fluidos prejudiciais, fortalece as células físicas do enfermo, além de restabelecer o seu vigor mental para que refaça os seus vínculos com o anjo guardião através da prece.
Convém enfatizar que a proposta do tratamento bioenergético no Centro Espírita é a do passe espírita, aquele em que o passista aplica-o assistido pelos bons Espíritos, que derramam suas energias sobre ele reforçando mediunicamente o seu potencial de cura.
O serviço de passe para se tornar mais eficiente deve estar associado ao Atendimento Fraterno, uma atividade reforçando a outra e vice-versa. Pouco adiantará o passe se a pessoa necessitada de um desabafo não tiver quem a escute, da mesma forma que menos valerá um desabafo se ao cabo do mesmo o paciente não contar com o passe para lhe repor as energias consumidas pelo próprio conflito.
Um Centro Espírita que tem uma proposta de ajuda terapêutica desobsessiva deve criar plantões de passes, de preferência diários, além de aplicá-los após as reuniões de exposição doutrinárias.
A.04 – As Reuniões de Exposição Doutrinária.
Se o atendimento fraterno e o passe correspondem à psicoterapia individual, a reunião de exposição doutrinária corresponde à psicoterapia de grupo. Quando uma pessoa entra num Centro Espírita que tem uma psicosfera elevada já está, até certo ponto, protegida de seus desafetos espirituais, pois o próprio ambiente a defende, ensejando aos Espíritos iniciar ou dar continuidade ao tratamento que estão fazendo, podendo, inclusive, realizarem cirurgias perispirituais visando colocar um ponto final naquelas ligações fluídicas, que são as âncoras que dão margem às obsessões. Isto se torna possível, porque o encarnado, ao se interessar e prestar atenção na palestra, desliga-se mentalmente de seus hóspedes psíquicos, sem dar-se conta das maravilhas que lhe favorecem em termos de renovação mental, emocional e até física.
Uma outra ação importante dos Benfeitores é a triagem que fazem das Entidades que acompanham os encarnados, hospedando na Casa aquelas mais susceptíveis de serem doutrinadas nas mediúnicas.
Ora, um trabalho de tal magnitude não pode ficar a mercê das interferências desestruturadoras, vindas da parte dos encarnados que promovem a reunião, principalmente dos expositores, que, antes de tudo, devem preparar o tema, para que durante a fala, possam veicular uma mensagem positiva.
Há características para um bom trabalho de exposição doutrinária e por outro lado atitudes inconvenientes do expositor que devem ser abolidas. A mensagem deve ser calibrada para o nível de entendimento das pessoas, com um tempo de duração adequado, não se caracterizando pelo simplório nem pela erudição; melhor será se os aspectos teóricos forem enriquecidos por vivências e exemplificações práticas, colocando um toque de humor de quando em quando, fugindo, todavia, da gaiatice e das expressões picantes que provocam a risada de mau gosto. O expositor terá em mente, sempre que está diante de Espíritos venerandos, razão porque deve se postar com respeito, procurando criar, através da fala, um clima superior que enseje a esses Benfeitores condições para realizar o complexo trabalho a que já nos referimos.
Tão importante a exposição doutrinária que a podemos e devemos introduzi-la como preparação para as terapias do passe e do atendimento fraterno, sendo, nestes casos, de pequena duração.
A.05 – A Promoção do Ser.
Esta etapa é o fecho do tratamento desobsessivo para os encarnados.
Todas as etapas antes vistas devem levar a esta, que representa a comprovação de que a pessoa está cônscia de que, enquanto se restabelece, psíquica, emocional e moralmente, pode gerar suficiente harmonia que lhe dê condições para o serviço. É nesta fase que os obsessores vão-se conscientizar realmente de que a pessoa mudou, sendo induzidos a suspenderem o assédio e mudarem também para serem felizes.
A primeira conquista que a pessoa terá de fazer é a recuperação da sua religiosidade, pois a perda dela foi um dos fatores que deu margem à obsessão.
A providência seguinte é criar o gosto pelo estudo, seja o estudo em grupo, sistematizado, ou o feito por autodidatismo, ambos necessários e alavancadores do crescimento espiritual
A última etapa será a vinculação ao trabalho do bem, que traz para o indivíduo o grande prazer de estar concorrendo para o progresso da humanidade. Apesar de ser esta etapa uma conquista a ser promovida pela pessoa, por si mesma, colocamo-la, no contexto do processo terapêutico global do Centro Espírita porque este precisa desenvolver técnicas integradoras que facilitem a promoção do ser, sob pena de comprometer todo o seu trabalho de cura, no sentido de vencer as obsessões, e até mesmo a renovação de suas equipes com vistas ao futuro.
B – Atendimento aos Desencarnados.
B.01 – A Reunião Mediúnica.

Sempre houve, na Terra, obsidiados e obsessores, assim como atendimento, socorro e terapias. Antes do advento do Espiritismo esse trabalho era realizado no Mundo Espiritual com os médiuns encarnados atuando em estado de desdobramento pelo sono. Com o advento do Espiritismo as reuniões mediúnicas de caráter terapêutico passaram a ser realizadas também no plano físico, popularizando-se a psicofonia, por ser o trabalho dos médiuns falantes mais adequado para o tratamento dos desencarnados, em virtude de promover, simultaneamente, a doação energética e o diálogo esclarecedor.
As mediúnicas são, portanto, reuniões especializadas, em que os médiuns psicofônicos se colocam em disponibilidade para essa tarefa socorrista e os doutrinadores, agindo como terapeutas espirituais, esclarecem, consolam, aliviam e aconselham os Espíritos em sofrimento. Além dessas duas funções básicas, o médium e o doutrinador (o mais preparado deles sendo o dirigente da equipe encarnada), outras pessoas mediunicamente frias, fazendo parte do grupo, ajudam a manter a vibração, meditando, orando e acompanhando atentamente as comunicações.
Essa equipe, para atender compromissos na desobsessão, deve ter experiência e caracterizar-se por uma perfeita harmonia de pensamentos e de sentimentos. Deve, cada um dos seus membros, compreender a sua função e a dos demais e conhecer os aspectos técnicos dos atendimentos que na reunião se processam, os quais deverão ser levados a efeito em experimentos regulares, privativos e realizados em ambientes harmonizados e favorecedores do recolhimento.
O principal dos detalhes é a programação dos atendimentos, que deve ser conduzida pelos Espíritos coordenadores da reunião, por serem eles mais capazes do que os encarnados para estabelecer as prioridades, em função da Lei do mérito e das possibilidades espirituais da equipe encarnada, que somente eles têm condições precisas de avaliar.
Podemos colocar um nome sobre a mesa, orar por alguém, e isso já é uma pré-evocação, que muitas vezes os bons Espíritos valorizam, porque correspondem a estados de interseção carinhosa, quando encaminhadas com unção, e a própria pessoa que pediu vai ser o instrumento de socorro.
B.02 – As Terapias Mediúnicas.
Quando um Espírito sofredor, ou mesmo um calceta, endurecido, incorpora num médium adestrado numa reunião mediúnica séria dá-se um choque fluídico, que vem a ser a terapia fundamental, processando-se pela interpenetração entre os perispíritos do médium e do Espírito e caracterizando-se por trocas energéticas entre ambos: – “A energia doentia do comunicante sendo absorvida pelo médium, que a elimina enquanto doa energia saudável ao enfermo. ” Simultaneamente o poder magnético do médium impede que o Espírito desvairado fuja do diálogo com o terapeuta-doutrinador que, ato contínuo, se inicia. Esse diálogo, vai complementar o choque anímico, levando o Espírito à reflexão, e despertando-o para uma realidade nova, felicitadora.
O terapeuta-doutrinador, em sintonia com o Mentor Espiritual da reunião, na medida em que aconselha o Espírito pode sentir a necessidade de adotar outros procedimentos técnicos favorecedores da terapia desobsessiva, conduzindo-a para resultados promissores.
Por exemplo: utilizar-se da prece, quando sentir que a onda do desespero do Espírito amainou e este precisa se aproximar de Deus de que se afastou; aplicar o passe, quando sentir a necessidade de controlar a energia da comunicação, para que o desequilíbrio não se estabeleça prejudicando a terapia e os delicados equipamentos mediúnicos, funcionando também como recurso calmante e sonoterapia para os Espíritos exauridos no processo da comunicação; poderá utilizar-se da hipnose, no seu aspecto sugestivo, para o projeção de ideoplastias proveitosas ao esclarecimento ou como recurso de contenção dos impulsos asselvajados dos Espíritos comunicantes; por fim, induzi-los à regressão de memória, sob orientação do Mentor, quando perceber a necessidade de remover traumas ou levá-los a compreender os motivos desencadeadores dos acontecimentos atuais.

Conclusão:

A terapia espírita conhecida como desobsessão, por sua complexidade e abrangência, requer uma interação eficaz de todas as atividades e procedimentos de que se constitui para colimar os seus objetivos.
Um Centro Espírita, para se habilitar a levá-la a bom termo terá, em primeiro lugar, que dispor de equipes (em todos os setores) aquinhoadas com valores morais de alto coturno, qualificadas, experientes e perfeitamente sincronizadas, pela inspiração com os Mentores espirituais.
As duas vertentes de que se constitui o processo, o trabalho direto de encarnados para encarnados e o das reuniões mediúnicas, têm que ser conduzidas por quem de direito, respeitando-se a competência dos Dirigentes Espirituais para gerir a programação dos atendimentos mediúnicos e a outorga conferida por eles aos homens no que concerne a administração da ajuda a ser oferecida aos enfermos encarnado que batem às portas da Casa Espírita procurando alívio para suas aflições.
Se os encarnados, nas reuniões mediúnicas, superpõem uma programação humana no bojo da programação espiritual, dá-se um choque de competência e o trabalho perde a qualidade, restringe-se. Por outro lado, se sinalizarem para a clientela propostas de cura descomprometidas em relação à transformação íntima, estarão adotando atitude de lesa consciência, inócua e mentirosa que traria como conseqüência grande freqüência na Casa Espírita de desonestos e preguiçosos do ponto de vista espiritual, alterando para pior o seu padrão vibratório e prejudicando o trabalho terapêutico que nela se realiza.
 Nas reuniões mediúnicas de caráter desobsessivo, interrompe-se temporariamente o curso das influências perturbadoras desencadeadas pelos Espíritos vingadores e vampiros sobre os hospedeiros encarnados, ensejando que estes se renovem pela diluição das fixações energéticas responsáveis pelas obsessões. Nesse ínterim, uns e outros se beneficiam, os desencarnados através das terapias a eles dispensadas nessas reuniões especializadas, e os encarnados mediante o alívio que experimentam facultando-lhes reprogramar suas vidas e aproveitar as oportunidades que a Casa Espírita mantém a benefício deles.


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