domingo, 29 de julho de 2012

Espiritismo! A morte Dói!




Quando morre alguém, sentimo-nos todos tomados por um sentimento de perda e dor. É natural, gostamos da pessoa e desejamos que continue vivendo conosco. Mas, a morte é a única certeza da vida e está enquadrada nos acontecimentos normais da existência de todo mundo. A todo instante, partem jovens e velhos, sadios e enfermos... 

E muitos perguntam, talvez temerosos do momento em que também enfrentarão a circunstância e acerto de contas com D. Morte: ela dói? O que ensinam os espíritos a respeito?

Em O Livro dos Espíritos, há um capítulo inteiro sobre o assunto: é o III, do livro segundo, com o título Retorno da vida corpórea à vida espiritual. As questões 149 a 165 esclarecem o assunto. Para não ficarmos em simples transcrição das respostas dadas pelos espíritos, fizemos breve resumo de forma didática para melhor entendimento do assunto. Mas remetemos o leitor à pesquisa direta às questões citadas.

No instante da morte, todo homem retorna ao mundo dos espíritos, pátria de origem; Uma vez no chamado outro mundo, conserva plenamente sua individualidade; A separação da alma e do corpo não é dolorosa. O corpo sofre mais durante a vida que no momento da morte; 

A alma se liberta com o rompimento dos laços que a mantinham presa ao corpo; 
A sensação que se experimenta no momento em que se reconhece no mundo dos espíritos depende do que fizeram em vida. Se foram bons, sentirão enorme alegria. Se foram maus, sentirão vergonha; 
Normalmente reencontra aqueles que partiram antes, se já não reencarnaram; 
A consciência de si mesmo vem aos poucos. Passa-se algum tempo de perturbação, convalescente, cujo tempo de duração depende da elevação de cada um; 

Compreender antes o assunto exerce grande influência sobre o tempo de perturbação, mas o que realmente alivia a perturbação são a prática do bem e a pureza de consciência.

Indicamos ainda ao leitor, estudar o livro O Céu e o Inferno, também de Allan Kardec, onde há diversas descrições do momento da morte e do pós-morte, de espíritos nas mais variadas condições evolutivas. O livro Depois da Morte, de Léon Denis e Obreiros da Vida Eterna, de André Luiz/Chico Xavier também trazem muitas explicações sobre o interessante tema. Há, também, uma série enumerável de livros de mensagens enviadas por desencarnados aos ente-queridos que ficaram. Entre eles, o famoso Jovens no além, de 1975, recebido por Chico Xavier. O filme Joelma 23º andar, baseado no incêndio ocorrido em São Paulo, mostra bem a questão da continuidade da vida.

Não tema a morte. Ela faz parte do processo evolutivo. Viva de maneira prudente, faça o bem que puder e quando soar seu momento, vá sem medo. Mas nunca a busque ou a precipite. Tudo tem seu momento na vida e todos temos algo a fazer num tempo programado. Para aqueles que foram antes, guarde a convicção de breve reencontro e ore pela felicidade deles. Eles receberão a mensagem de seu coração. 


Morte e seu Significado


Vamos procurar analisar parcial e genericamente alguns aspectos de mortes violentas, através de acidentes ou desastres dolorosos.
O que ocorre com as pessoas que são surpreendidas com a morte física num desastre?
Quais as sensações e emoções que as vítimas de um acidente fatal sentem ou vivenciam nos momentos deste tipo de morte?
Tomando por fundamentação teórica os ensinamentos espíritas, e com base em informações mediúnicas confiáveis, pode-se estabelecer alguns princípios gerais para elucidar a dinâmica do fenômeno da morte ou desencarnação e o processo do morrer propriamente dito.
Em princípio, é necessário esclarecer que a morte é um fenômeno natural inerente à dinâmica da própria vida.
O que é que morre ou desencarna?
Apenas o corpo físico morre, isto é, passa por uma série de transformações psicobiofísicas de degradação energética, com rupturas dos centros vitais bioenergéticos que integram os diferentes sistemas atômicos celulares componentes de tecidos, órgãos, aparelhos e demais sistemas interativos que compõem o organismo humano como verdadeiro eco-sistema de manifestação vital.
Resumidamente, na visão materialista, a morte significa o caos orgânico, irreversível, culminando na cessação de todas as funções vitais e conseqüente desagregação do organismo físico, através da decomposição cadavérica, nada restando após a morte propriamente dita.
Na visão espiritualista de um modo geral, algo sobrevive após o fenômeno da morte física.
Sem maiores detalhes ou considerações filosóficas, o espiritualista de um modo geral, admite a existência da alma ou do Espírito e, portanto, ao morrer, independente do gênero de morte ou desencarne, a alma ou espírito sobrevive, continuando a viver no mundo espiritual.
O espiritualista espírita descortina um horizonte mais amplo, tendo um acervo de ensinamentos esclarecedores sobre a dinâmica da morte e do morrer, relacionado ao gênero de vida consciencial da criatura humana, independente da faixa etária, sexo, raça, cultura, religião, posição social, etc.
No caso particular da visão espírita, a morte ou desencarnação propriamente dita implica uma série de fenômenos não só psicobiofísicos: também inclui outros de natureza anímico-conscienciais extrafísicos, paranormais e mediúnicos de grande complexidade que, direta ou indiretamente, podem evidenciar a sobrevivência do espírito ou consciência que continua a viver após a ruptura dos laços bioenergéticos que mantinham o organismo físico em plena atividade, como veículo ou instrumento de manifestação do espírito encarnado, durante a respectiva cota de tempo de vida, compatível com as necessidades e projetos de realização e auto-realização consciencial, em cada experiência reencarnatória.
Assim sendo, a vida inteligente, consciencial, não se extingue com a morte física propriamente dita. O Eu-consciencial ou Espírito, ser pensante, volitivo, dotado de instinto, emoção, sentimento, razão, linguagem conceitual e demais atributos humanos, ao passar pelo fenômeno da morte do corpo físico, de acordo com seu estágio evolutivo espiritual, terá maior ou menor autonomia e maior ou menor lucidez consciencial, cognitiva,
afetiva e volitiva, para compreender as diferentes fases do processo da morte física propriamente dita.
De acordo também com seu grau de educação consciencial e espiritual e, ainda, conforme as ações e obras realizadas em vida, terá maior ou menor merecimento, além do sentimento de auto-estima pelo cumprimento dos deveres e realizações edificantes não só em beneficio próprio, como, também, em favor dos seus semelhantes, da comunidade e da sociedade em geral.
Em tais circunstancias, os que viveram edificantemente, independente de rótulos místicos ou religiosos, apresentam melhores condições psicodinâmicas conscienciais para compreender e aceitar com maior ou menor autocontrole, equilíbrio e serenidade as surpresas da sua própria desencarnação.
Por outro lado, os que em decorrência da imaturidade consciencial, espiritual, cometeram equívocos, vivendo egoísta e egocentricamente, não aproveitando bem as lições da vida, no sentido de promover o auto-conhecimento e a construção da paz dentro e fora de si mesmos, apegando-se ao corpo físico como única realidade e razão de ser. estes que assim viveram terão maiores dificuldades para compreender e aceitar a surpresa da própria morte física e a grande realidade de sua própria sobrevivência como espírito desencarnado.
Isto não que dizer que a pessoa esteja condenada pela eternidade afora a um sofrimento infernal, tal qual as religiões dogmáticas e sectárias incutiram na mente popular.
Absolutamente. Cada consciência, de acordo com seu biorritmo e tempo de assimilação e vontade de reconstruir o próprio destino, para melhor, terá tantas oportunidades de aprendizagem auto-redentora quantas necessitar para construir a própria plenitude consciencial e existencial ao longo das vidas sucessivas.
Deste modo, na visão espírita, a vida é imperecível e o ser humano é um agente co-criador integrante do Plano Divino da Criação, e, conseqüentemente, arquiteto de seu próprio destino feliz ou infeliz.
Esta digressão teórica se faz necessária no sentido de estabelecer alguns princípios gerais relativos ao fenômeno da morte e seu significado.
I—A morte é apenas uma mudança de estado de ser. de pensar, de sentir e agir.
É natural a reação de rejeição e não-aceitação da morte, qualquer que seja a situação circunstancial.
Esta reação é geral, sendo uma decorrência espontânea do instinto de conservação e auto-preservação inato no ser humano.
Graças ao instinto de conservação, reprodução e autodefesa, a espécie humana se mantém, sobrevivendo aos grandes desafios da evolução onto e filogenética e da necessidade de adaptação evolutiva, em íntima interação com a multi-diversidade dos eco-sistemas ambientais do planeta Terra e sua respectiva Biosfera.
Assim sendo, na dinâmica da vida, nascer, crescer, reproduzir, viver e morrer constituem um processo bioenergético, psicobiofísico, anímico-consciencial, universal, presente em todos os Reinos da Natureza, em sua multidimensionalidade física e extra-física.
O medo da morte é, pois, uma reação instintiva que se evidencia através do comportamento humano ao longo da evolução histórica, antropológica, cultural, religiosa, etc. da humanidade terrestre, variando com a época e com as características culturais, costumes, práticas e tradições religiosas de diferentes tribos, povos, raças e nações, tanto no Oriente quanto no Ocidente.
Entretanto, parece haver em todas as culturas, ao longo das diferentes épocas da história, a crença mais ou menos generalizada na sobrevivência espiritual do ser humano.
As diferentes tradições religiosas criaram diferentes regras e procedimentos ritualísticos místico-religiosos, influenciando a mente popular, submetendo-a aos dogmas e preceitos estabelecidos pelas diferentes religiões no mundo, e direta ou indiretamente, implícita ou explicitamente, o medo da morte vem passando de geração a geração.
Nos tempos atuais, com o advento da tanatalogia como uma área de investigação e conhecimento cientifico, o tabu da morte aos poucos vai se transformando numa visão mais realística e consentânea com o progresso das investigações dos fenômenos paranormais que ocorrem com os doentes terminais e nas experiências da chamada morte aparente.
Como decorrência, a morte está sendo encarada com maior naturalidade, despida daqueles paramentos fúnebres e lúgubres de décadas atrás.
Neste particular a contribuição do Espiritismo é inegável e valiosamente significativa para desmitificar e desmistificar a morte como algo terrível, assustador e um caminho sem volta.
A morte ou desencarnação é, pois, apenas e tão-somente uma transmutação profunda psicobifísica, anímica e consciencial, refletindo intensamente no pensar, sentir e agir do ser humano, que deixa de se manifestar na vida de relação no plano físico, através do respectivo corpo psicossomático para continuar a pensar, sentir e agir sem o instrumento físico, no reino do Espírito, onde igualmente a vida de relação continua em outras tonalidades vibratórias, por meio da manifestação do pensamento e da vontade, de acordo com o grau de evolução e maturidade consciencial e espiritual alcançado, em sua última experiência reencarnatória.
II—A vida de relação não cessa com a morte física propriamente dita.
Os diferentes e diversificados fenômenos paranormais e mediúnicos, observados por ocasião não só da morte física, como também através de manifestações espontâneas ou provocadas experimentalmente, sugerem de maneira significativa que o ser humano desencarnado mantém uma dinâmica interação volitiva, energética, inteligente e afetiva, no mundo espiritual ou espiritosfera, em obediência à lei de sintonia, afinidade e ressonância vibratórias.
Isto posto, fica entendido que o intercâmbio mediúnico é um fenômeno universal entre encarnados e desencarnados e se verifica também entre os desencarnados no Reino dos Espíritos ou Espiritosfera, obedecendo-se aos mesmos princípios universais da lei de afinidade, sintonia e ressonância, correspondentes aos respectivos planos multi e transdimensionais extrafisicos conscienciais.
Deste modo, desde a mais remota antigüidade, o fenômeno mediúnico sempre foi uma prova de que o intercâmbio mediúnico entre encarnados e desencarnados existiu sempre como um fato natural e de amplitude universal.
III—O princípio de interdependência e de interação psicodinâmica entre encarnados e desencarnados é um fenômeno universal.
Assim sendo, as ações e reações interativas entre os seres humanos encarnados e desencarnados ocorreram sempre ao longo da história da humanidade terrestre, dando origem às diferentes manifestações místico-religiosas que fazem parte da herança cultural de todos os povos, raças e nações, tanto no Oriente como no Ocidente.
Estas interações podem se manifestar de maneira sutil ou ostensiva, assumindo características harmônicas ou desarmônicas, em função de sua influência positiva ou negativa no comportamento individual ou coletivo do ser humano.
IV—Os Espíritos desencarnados podem se manifestar espontaneamente ou por meio de evocação.
Em decorrência dos princípios anteriores, a manifestação do Espírito desencarnado pode se dar espontaneamente em função da lei de sintonia e afinidade. Os espíritos são atraídos em razão da existência de laços de simpatia que os atraem para se manifestarem a pessoas no meio onde vivem, objetivando manter uma relação harmônica, edificante e solidária.
Podem também ser conseguidas tais manifestações por meio de evocações, e de motivos justos, que justifiquem tal procedimento com finalidade de investigação e pesquisas sérias e construtivas.
V—A morte ou desencarnação, mediante um desastre doloroso e fatal, é diferente e específica para cada um, embora as circunstancias do desastre sejam as mesmas para todos os envolvidos no acidente.
Isto quer dizer que a morte física de uma pessoa está intimamente relacionada com a respectiva herança cármica e suas necessidades de auto-redenção.
Aliás, tal princípio se aplica a qualquer gênero de morte ou desencarne
VI—Ninguém, em circunstancias de morte violenta, em acidentes fatais, jamais estará desamparado, à míngua de uma assistência espiritual socorrista.
Todos são socorridos e atendidos em suas necessidades específicas, de acordo com o respectivo grau de maturidade consciencial, merecimento e a gravidade do estado pessoal de cada um.
Quando ocorre um acidente ou desastre doloroso no plano físico, imediatamente, no mundo espiritual, os Centros ou Núcleos de Pronto Socorro e Atendimento Espiritual mais próximos tomam conhecimento da ocorrência, providenciando com a máxima urgência o socorro das vítimas acidentadas que venham a morrer ou que fiquem politraumatizadas e em estado grave no local do sinistro.
Nestas circunstancias emergenciais a pessoa moribunda agonizante ou desencarnante emite pensamentos aflitivos que se propagam na multidimensionalidade extrafísica, como se fossem verdadeiros S.O.S. telepáticos, os quais são devidamente captados e registrados por meio de sofisticada tecnologia, possibilitando a imediata localização e identificação pessoal das vítimas do desastre.
Equipes de socorro espiritual dirigem-se imediatamente ao local do acidente para a prestação do respectivo socorro e demais providências de amparo assistencial.
A título de exemplo, no capítulo XVIII—Resgates Coletivos, do livro Ação e Reação, psicografado e editado pelo Espírito André Luiz, 2a. ed. FEB, páginas 236 e seguintes, encontra-se o relato de um desastre aviatório.
Qual era a situação das pessoas vitimadas?
Vários desencarnados no referido acidente encontravam-se em posição de choque, presos aos respectivos corpos físicos, mutilados parcial ou totalmente, entretanto alguns apresentavam-se em melhores condições de lucidez consciencial.
Outros sentiam-se imantados aos próprios restos cadavéricos, gemendo de dor e sofrimento, e outros ainda gritavam em desespero, mantendo-se também aprisionados aos despojos físicos, em violenta crise de inconsciência, numa profunda perturbação.
Os espíritos socorristas, médicos e enfermeiros em especial, a todos atendiam com elevado sentimento de compaixão, prestando a assistência espiritual de acordo com a situação de cada um.
Comentários elucidativos a respeito da situação de cada vítima, feitos por generoso mentor espiritual, merecem ser analisados para efeitos de esclarecimentos educativos, objetivando a autoconscientização e o autoconhecimento de cada um e de todos.
1. O socorro espiritual é ministrado indistintamente a todos, sem nenhuma exceção.
 2. A expressão—"Se o desastre é o mesmo para todos, a morte é diferente para cada um", é um ensinamento importante e merece ser assimilado.
3. Nem todos podem ser retirados dos despojos físicos, cadaverizados, logo imediatamente.
4. A afirmação de que "Somente aquele cuja vida interior lhe outorga a imediata liberação", é de relevante significado educativo, pois revela a necessidade moral de se buscar o autoconhecimento e a conseqüente emancipação psicológica e emocional indispensável para maior autonomia e discernimento conscienciais, ainda em plena vida física.
Consequentemente, isto implica um processo de autoeducação pessoal, ao longo da vida, face aos grandes desafios existenciais, exigindo a autotransmutação, capaz de conferir a cada um a plena liberdade e autonomia no pensar, sentir e agir, em harmonia com as Leis da Vida, na construção da paz dentro e fora de si mesmo, e na vivência do bem incondicional.
As pessoas que se dispuseram a viver em harmonia com a cosmoética nada têm a temer diante do momento decisivo e crucial da própria morte física.
5. Aquele cuja vida consciencial se manteve em desalinho, vivendo em descompasso desarmônico com as Leis da Vida, concentrando-se no egoísmo egocêntrico, perdendo valiosas oportunidades de amar e bem servir ao próximo como a si mesmo, e, por conseguinte, ficando mais condicionado às manifestações instintivas e emocionais, sem nenhuma preocupação com os valores espirituais para o próprio crescimento e desenvolvimento consciencial, este fica apegado ao corpo físico, não tendo condições de manter equilíbrio harmônico e a lucidez consciencial indispensáveis à neutralização dos impulsos de atração e imantação energética que o retém ao cadáver mutilado.
Nestas circunstancias, o desencarnado permanecerá ligado por tempo indeterminado aos despojos cadavéricos que lhe pertencem.
6. Este tempo indeterminado está na dependência "do grau de animalização dos fluídos que lhes retêm o espírito à atividade corpórea". (p. 238).
Pode levar horas, dias ou meses até a completa e plena auto-libertação psicológica, emocional, consciencial e espiritual.
7. As expressões seguintes merecem ser meditadas por sua relevante transcendência:
a) "Corpo inerte nem sempre significa libertação da alma". b) "O gênero de vida que alimentamos no estágio físico dita as verdadeiras condições de nossa morte" (p. 238).São por demais claras e, de certo modo, contundentes, no sentido de não deixar dúvidas ou escapismos.
8. Outra expressão complementar às já mencionadas também deve ser motivo de reflexão—"Morte física não é o mesmo que emancipação espiritual" (p. 239).
9. Mas aquelas vítimas desencarnadas no desastre, as quais não têm condições de se afastar do próprio cadáver, mediante a ruptura dos laços bioenergéticos que ligam o espírito ao corpo físico, através dos respectivos centros vitais ou chakras existentes no perispírito, estas vítimas ficarão relegadas ao sabor das circunstancias, por tempo indefinido, sem nenhum outro tipo de assistência socorrista?
Jamais isto acontece.
Todas, sem exceção, são amparadas sempre.
"Ninguém vive desamparado. O amor infinito de Deus abrange o Universo". (p. 239).
10. O ser humano encarnado ou desencarnado pode, a cada momento da existência, por meio do Bem "sentido e praticado", também modificar seu próprio destino para melhor, neutralizando ações e reações negativas circanstanciais, afastando do próprio horizonte "as nuvens de sofrimentos prováveis". (p. 240).
Mas indagações se impõem.
- Quais as causas que originaram semelhante provação?
- Quais os fatores circunstanciais que direta ou indiretamente contribuíram para a morte violenta e dolorosa através de desastres ou acidentes fatais?
A resposta encontra-se nos ensinamentos luminosos e redentores do Cristo, quando afirma:
"A cada um será dado segundo suas obras" ou "Cada um colhe de acordo com o que semeia".
Este ensinamento expressa a Lei de Ação e Reação ou Lei de Causa e Efeito, também ensinada pela sabedoria milenar do Oriente como Lei do Carma.
A título de esclarecimento, poder-se-ia estabelecer possíveis correlações entre a herança cármica individual ou coletiva, para poder explicar a origem de tais acontecimentos provacionais, dolorosos e irreversíveis.
Sem pretender aprofundar o tema relativo a Lei do Carma, algumas relações podem ser estabelecidas, tais como:
a) As vitimas de hoje, perdendo a vida de modo tão trágico e violento, poderiam, em outras épocas passadas, ter cometido crimes não menos violentos também, atirando pessoas ou desafetos indefesos do "cimo de torres altíssimas, para que seus corpos se espatifassem no chão"...
b) As vítimas dos desastres de hoje poderiam ser as mesmas pessoas que em tempos passados se entregavam à pirataria, cometendo crimes hediondos em alto mar.
c) Ou suicidas que se precipitaram de edifícios ou se lançaram de elevados picos à beira de verdadeiros abismos, estraçalhando o corpo físico contra os rochedos pontiagudos, em manifesta rebeldia, insubmissão e desrespeito às leis da vida.
d) Ou também homicidas que praticaram crimes hediondos, seqüestrando e incendiando aldeias indefesas, ceifando vidas de crianças e adolescentes, estuprando e violentando mulheres para assassiná-las posteriormente com requintes de crueldade, ou que massacraram pessoas idosas sem piedade.
Quantos homens e mulheres, crianças e jovens, vivendo atualmente, em cuja ficha cármica encontram-se registrados erros e equívocos do passado próximo ou milenar, aguardando o despertar e o amadurecimento consciencial de cada um, para o indispensável trabalho educativo da própria redenção, através de novas oportunidades existenciais de trabalhar construtivamente na reconstrução do próprio destino para melhor, reencontrando as antigas vítimas e algozes de passadas existências, na condição de familiares, pais, filhos, irmãos, parentes ou amigos, para juntos viverem as lições do amor e do perdão incondicionais, sem o que não haverá paz na consciência e tampouco a plena quitação com a Lei de Deus.
11. Entretanto, é também da própria Lei Cármica que, a todo e qualquer momento, cada consciência encarnada ou desencarnada poderá modificar o próprio destino para melhor desde que se disponha a amar e servir, trabalhando na semeadura do Bem, adquirindo desta forma, pelo trabalho de auto-regeneração redentora, os indispensáveis créditos de merecimento que lhe
trarão a paz consciencial, anulando os reflexos negativos decorrentes das ações infelizes do passado próximo ou remoto.
Deste modo "gerando novas causas com o bem, praticando hoje, podemos interferir nas causas do mal, praticado ontem, neutralizando-as e reconquistando, com isso, o nosso equilíbrio". (241).
12. É possível escolher o gênero de provações existenciais e até mesmo o gênero de morte?
Sem dúvida. Para tanto é indispensável ter adquirido maturidade espiritual e o merecimento indispensável para se propor e planejar uma nova existência reencarnatória, tendo em vista cooperar para o progresso e o bem comum, através de uma vida de trabalho, doação, sacrifício e renúncia, dedicando-se aos mais diversificados projetos de realização progressista, em benefício da coletividade em geral, contribuindo muitas vezes com o sacrifício da própria vida.
Assim sendo, muitos se preparam em tempo hábil, antes de uma nova reencarnação, habilitando-se para correr o risco de vida, e sofreram até mesmo morte violenta, em benefício do progresso das ciências em geral, das artes, da medicina e saúde, da indústria, da pesquisa de ponta em laboratórios e projetos de reconhecida periculosidade, em favor do progresso da navegação marítima, da aeronáutica, da engenharia, dos transportes terrestres, das viagens espaciais, da liderança política e do trabalho edificante e sacrificial no campo das reformas político-sociais, econômicas e educacionais, etc., objetivando beneficiar a sociedade em geral, promovendo direta ou indiretamente o desenvolvimento de um povo, da nação ou país na construção da paz e da justiça sociais.
Como se vê, a Lei Divina é Lei de Amor, Justiça e Misericórdia, não excluindo nenhum ser humano do direito de ser artífice do próprio destino.
13. Uma outra pergunta se faz necessária para maior elucidação do tema em estudo.
Todos terão condições de tomar esta decisão, no sentido de escolher o gênero de provação sacrificial?
Nem todos, porque a livre escolha depende do estágio de maturidade espiritual alcançado e, também, das auto-realizações no campo das ações edificantes e benéficas em prol do semelhante, das antigas vítimas do passado, dos que direta ou indiretamente foram atingidos por nossa insanidade na prática do mal.
É indispensável, pois, que cada espírito ou Eu-Consciencial já tenha adquirido a plena consciência no pensar, sentir e agir com lucidez e discernimento na mais íntima interação com as Leis da Vida, amando e servindo pelo amor à verdade, ao bem incondicional, trabalhando proficuamente na reconstrução do próprio destino, dispondo-se a viver conscientemente a lei do amor, do perdão, ida solidariedade, sem nenhum preconceito ou condicionamentos atávicos segregacionistas de qualquer espécie.
Como se vê, a liberdade de escolha está na razão direta da conquista realizada pelo próprio espírito, no sentido do auto-conhecimento e da auto-transmutação consciencial, atingindo o maior índice possível de auto-realização na construção do reino de Deus dentro e fora de si mesmo.
É pois um longo processo de maturação consciencial, a que todos estamos submetidos, ao longo das múltiplas e milenárias experiências de aprendizagem existencial através das vidas sucessivas.
Daí por que o ensinamento milenar—o ser humano é arquiteto do próprio destino.
As religiões dogmáticas e sectárias que envenenaram a mente humana com as idéias de castigo, punição, inferno, penas eternas, excomunhão, favoritismo para conquistar as benesses do paraíso celestial, prometendo a salvação mediante indulgências, penitências e atos litúrgicos sacramentais, inerentes ao culto externo e a idolatrias, ensinando o temor a Deus, contribuíram direta ou indiretamente para que o medo patológico se instalasse na mente humana, ao longo da evolução histórica da humanidade terrestre, gerando o fanatismo, a intolerância e a separação entre crentes e descrentes, criando dependências psicológico-emocionais, escravizando mentes e corações.
A liberdade de escolha está diretamente associada ao princípio da responsabilidade individual e coletiva intransferível e irrevogável.
Cada qual, com sua respectiva herança cármica, muitas vezes é submetido a diferentes provas existenciais na infância, na mocidade, na idade adulta ou na velhice, passando por experiências de mutilação reversível ou não, por enfermidades de difícil tratamento a curto, médio ou longo prazo, por acidentes dolorosos e até mesmo a morte súbita em circunstancias inesperadas e traumatizantes.
Os seres humanos que estão onerados perante as leis éticas da vida e que para se redimirem têm necessidade de viver provações e lutas expiatórias, encontram aqueles outros que se dispõem a ajudá-los através das relações familiares na condição de pais, parentes ou amigos, e que juntos se dispõem coletivamente ao aprendizado redentor, porque na maioria das vezes estão também vinculados reciprocamente por compromissos e comprometimentos cármicos específicos.
A provação coletiva desperta o sentimento de solidariedade humana, impulsionando todos a uma revisão dos valores e significados éticos do viver, descortinando a cada um novos horizontes conscienciais .
Deste modo, pode-se afirmar que, no Plano Divino da Criação, não há falhas e a Lei é de Amor, Justiça e Misericórdia, concedendo a cada um e a todos iguais oportunidades de progresso material, e espiritualmente falando, através das vidas sucessivas, na construção e reconstrução de um destino feliz.
14. E a morte por suicídio?
Doloroso equívoco cometem aqueles cuja decisão final é o apelo ao suicídio, como medida extrema para solucionarem problemas aflitivos, psicológicos, emocionais, conscienciais e existenciais.
A maior surpresa é a de que a vida não se extingue com a morte do corpo físico.
Doloroso e grave engano, porque o suicida se vê muitas vezes jungido aos despojos cadavéricos, por tempo indeterminado, através dos laços bioenergéticos que ligam o perispírito ao respectivo corpo físico em decomposição.
As sensações e emoções experimentadas pelo suicida variam de caso para caso.
Há, entretanto, algo em comum, ou seja, a constatação de que a vida consciencial é indestrutível e que ninguém burla suas leis sem assumir pesados compromissos cármicos a impor a indispensável reparação compulsória, por ter rompido, prematuramente, os elos de ligação psicobiofísica que permitiram a manutenção da vida no plano físico por uma cota de tempo compatível com as necessidades específicas de auto-realização espiritual de cada um, através do cumprimento de um plano de realizações existenciais educativo, visando à plena harmonização consciencial com as leis da vida, e na execução de projetos específicos de aprendizagens provacionais, sacrificiais, missionárias ou de resgate inadiáveis, tendo em vista a necessidade moral de construir a própria redenção.
Os relatos mediúnicos contendo informações sobre a situação do suicida após o ato cometido são unanimes em afirmar o estado de dolorosa penúria do espírito, o qual se vê num processo psicodinamico e bioenergético de recapitulação compulsiva das ações desencadeadas em decorrência do suicídio, gerando um profundo sentimento de remorso, dor e sofrimento inomináveis.
Este estado de verdadeira psicose alucinatória assume características dantescas, dramáticas e traumáticas, e na maioria dos casos o suicida sente-se mais vivo e sensível aos embates da decomposição cadavérica do próprio corpo físico.
Ora se vê no local onde o ato se consumou, ora se vê autopsiado e ao mesmo tempo preso ao túmulo, onde jazem os restos mortais sepultados.
Neste verdadeiro inferno consciencial se debate por tempo indeterminado, podendo durar dias a fio, meses ou anos até que, pela dor e sofrimento, possa despertar mais lúcido para compreender melhor o equívoco cometido. Para tanto, o remorso e o arrependimento são etapas inerentes ao despertar consciencial, seguidas de uma necessidade moral profunda de se redimir perante a própria consciência e às Leis de Deus.
Durante todo este tempo não fica abandonado pela misericordiosa assistência espiritual dos espíritos socorristas e familiares em condições de ajudar, bem como de amigos e protetores, que, amorosamente, prestam o socorro necessário, sem entretanto violar o código ético da vida.
Após esta fase crucial, à medida que for apresentando sinais de melhor receptividade e lucidez, é submetido a um complexo tratamento magnético-espiritual específico, em clinicas altamente especializadas, encarregadas de dar atendimento psicoterápico e sonoterápico, objetivando a plena recuperação do suicida.
Geralmente, a morte por suicídio produz marcas profundas no perispírito, e elas poderão determinar lesões nos respectivos centros vitais e demais órgãos perispíriticos, que irão repercutir na embriogênese e organogênese de um novo corpo físico em uma próxima e futura reencarnação.
Em conseqüência, nas futuras reencarnações o suicida poderá apresentar malformações congênitas ou doenças hereditárias irreversíveis, na maioria dos casos, renascendo em situações de excepcionalidade, exigindo muito amor e dedicação dos pais e familiares, médicos e enfermeiros, e tratamento em clínicas especializadas.
Não se deve, nestes casos, pensar em castigos ou punições divinas, mas tão-somente no cumprimento da Lei do Carma genético.
Através destas limitações morfogenéticas a curto, médio ou longo prazo, o suicida de ontem renasce em um novo corpo físico, com disfunções congênitas reversíveis ou irreversíveis, como decorrência natural das lesões registradas na memória genética perispíritica que servirão de matrizes indutoras a influenciar negativamente durante a gestação, na organogênese e morfogênese, do novo corpo físico, determinando malformações congênitas ou doenças hereditárias, correspondentes às lesões perispíriticas causadas por traumatismos, em decorrência do suicídio cometido em vidas anteriores.
A título de esclarecimento, há também casos de suicídio indireto, no qual a pessoa não tem a deliberação plena de cometer o suicídio propriamente dito, mas, pelo tipo de vida que leva, sem maiores compromissos com a saúde física e mental, expondo-se a situações de risco por imprudência, ou praticando excessos de toda a natureza, poderá morrer prematuramente, sendo, portanto, considerado também um caso de suicídio indireto.

MORTE E EDUCAÇÃO
Vê-se pois, que a morte na visão espírita é u m fenômeno natural de mudanças e transmutações, inerentes à própria dinâmica da vida.
A Pedagogia espírita, propõe-se através da educação formal e informal, desenvolver uma ação educativa, iniciando no respectivo lar, tendo os pais como pedagogos e educadores, com a missão natural de orientar e educar os filhos, desde a fase preparatória antes da reencarnação propriamente dita, através do processo psicobiofísico da gestação, acompanhando-os com amor e dedicação em todas as fases do crescimento e desenvolvimento pleno, quando assumirão com maior consciência e responsabilidade deveres e obrigações de viver construtivamente, em harmonia consigo mesmos, com a natureza, com a sociedade, com a vida, cumprindo o plano divino de suas existências.
Compreendendo desde cedo que a vida é imperecível, e que o ser humano como espírito ou consciência em expansão é um agente co-criador que integra e participa de um plano maior, de acordo com o nível de maturidade consciencial alcançado, e com a correspondente autonomia relativa, de agir e interagir no contexto existencial que lhe é concedido viver, é natural e de esperar que venha gradativamente, pela educação recebida, a desenvolver uma cosmovisão existencial, sem as peias do medo de qualquer espécie e muito menos do medo da morte e do morrer.
Nesta perspectiva, a Educação espírita visa o Ser integral, homem ou mulher, cujos papéis no contexto do viver se complementam e se integram na grande sinfonia da vida, com iguais direitos e deveres éticos e cosmoéticos no desempenho de seu respectivo plano existencial.
Como decorrência lógica deste processo de educação anímico-consciencial permanente, cada pessoa vai sentindo a imperiosa necessidade ético-espiritual de expandir-se na busca do auto-conhecimento, na construção da plenitude consciencial, livre de preconceitos e condicionamentos atávicos ou adquiridos, limitadores da liberdade de pensar, sentir e agir em harmonia com as leis da vida, numa visão plena de totalidade, integração e complementaridade.
Assim sendo, o viver passa a ser uma aprendizagem constante em todas as etapas do crescimento e desenvolvimento pessoal, de uma autoconsciência holística, ecológica e integradora, a se manifestar através de um comportamento individual e social, construtivo, edificante e solidário, em todos os momentos de sua vida de relação.
Sabe, por experiência própria, através de uma educação holística espiritualista ou espírita, que a vida de relação não se extingue com a cessação da vida física, mas ultrapassa os limites espaço-temporais do aqui, agora, expandindo-se na multidimensionalidade extrafísica da Biosfera e do Universo.
Consequentemente, tem consciência e discernimento de que é um agente co-criador arquiteto do próprio destino em todos os níveis de manifestação da vi da consciencial .Assim sendo, sente a própria dimensão transcendente do viver no plano físico e extra-físico através de suas funções psi, anímico-mediúnicas, paranormais, que lhe possibilitam projetar-se fora do respectivo corpo físico, penetrando nos diferentes níveis e planos conscienciais extra-físicos, continuando na dinâmica da vida de relação a interagir com espíritos ou consciências afins, encarnados ou desencarnados, realizando novos aprendizados enriquecedores ou participando solidariamente nas tarefas e trabalhos assistenciais ou socorristas, vivendo conscientemente o amor solidário, o amor compaixão, o amor-fraternidade, expressões particulares do verdadeiro "amor ao próximo como a si mesmo", princípio universal da Cosmoética, sem cuja observância o ser humano encarnado ou desencarnado não poderá ser plenamente feliz e nem poderá viver em paz consigo próprio, com a vida, com a natureza e com a humanidade.
Ressalta-se, pois, a importância da Educação numa visão e abordagem holística, integradora, sem os condicionamentos dogmáticos e sectários que dividem e segregam os seres humanos de todas as raças, povos e nações, tanto no Oriente como no Ocidente.
Sem dúvida alguma, o Espiritismo vem contribuindo para o desenvolvimento desta consciência holística, individual e coletiva, sem violentar a liberdade de pensar e de escolher o próprio caminho para o auto-conhecimento e a auto-realização como Espírito ou uma consciência em expansão, na construção da plenitude existencial rumo à plenitude do Ser.
Tais princípios educativos, fazendo parte dos currículos educacionais nas escolas de ensino fundamental, ampliando-se no segundo grau e ensino superior, através de projetos psicopedagógicos multi e transdisciplinares integrantes de um plano educacional de maior amplitude, privilegiando a valorização da Vida, a educação física, mental e afetiva do ser humano numa perspectiva holística, integradora e transcendente, possibilitando o desenvolvimento cognitivo, afetivo e espiritual, com ênfase no auto-conhecimento, e numa cosmovisão transcendente da v ida, em que a morte não seja considerada o fim de tudo, mas apenas uma grande e profunda transmutação consciencial.
Deste modo, a convicção adquirida e consolidada através de um novo paradigma educacional—holístico, ecológico, espiritualista ou espírita, evolucionista, convicção não imposta— mas construída através da auto-educação, de que o Espírito ou o Eu-Consciencial é um ser. agente co-criador, e integrante do processo dinâmico da própria vida, evoluindo ao longo de um contínuo histórico através das vidas sucessivas, na construção e reconstrução do próprio destino, nesta perspectiva cada Consciência, tanto no plano físico ou extra-físico, sente a realidade existencial com maior amplitude, eliminando toda e qualquer reação instintiva de medo face aos grandes desafios educativos da Vida e do próprio viver.
Assim sendo, adquire e desenvolve a plena lucidez e discernimento, cognitivo e afetivo, de que a vida de relação se expande também, além do aqui, agora, possibilitando a interação entre encarnados e desencarnados, segundo os princípios universais da lei de afinidade, sintonia e ressonância.
Através da constatação do próprio potencial anímico-mediunico, a manifestar-se por meio das funções psi, paranormais, ampliando as percepções extra-sensoriais e autoprojeção, fora do corpo, a constatação da realidade multi e transdimensional espaço-temporal torna-se uma evidência incontestável, com profunda repercussão no comportamento ético individual e coletivo, podendo acelerar o processo das grandes transformações político-sociais, econômicas, culturais, ético-religiosas, educacionais, e do despertar de uma consciência ecológica, holística, harmônica e integradora, na construção da Paz individual e coletiva, indispensável à implantação de uma nova ordem, alicerçada na Cosmoética do "amor ao próximo como a si mesmo", em todos os níveis de manifestação consciencial.
A comprovação científica dos fenômenos naturais, inerentes ao intercâmbio mediúnico, muito contribuirá para evidenciar, com maior solidez, a sobrevivência espiritual do ser humano, na mais eloqüente demonstração universal de que a morte não rompe e nem destrói os laços afetivos de amor conjugal, amor paternal, maternal, amor filial, fraternal, amor-solidariedade, amor-compaixão, entre as mentes e corações afins, encarnados e desencarnados, na dinâmica da vida imperecível.



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sábado, 28 de julho de 2012

Espiritismo na França!



1. INTRODUÇAO

O objetivo deste estudo é resgatar a vida e a obra de dez eminentes representantes da Doutrina Espírita. Os nomes escolhidos foram: Allan Kardec, por ser o codificador; Léon Denis, Gabriel Delanne e Camille Flammarion, por serem coadjuvantes de Kardec; Ernesto Bozzano, pela catalogação de experiências mediúnicas; Bezerra de Menezes, por ser o aglutinador do Espiritismo nas terras brasileiras; J. H. Pires e Deolindo Amorim, pela clareza doutrinária; Chico Xavier, pela mediunidade de psicografia; Divaldo Pereira Franco, pela expansão mundial da Doutrina. Como toda a escolha envolve uma não escolha, há muitos outros nomes que poderiam ser acrescentados a esta lista. Vejamos a contribuição de cada um dos indicados. 

2. ANTECEDENTES: 


Quando morre alguém, sentimo-nos todos tomados por um sentimento de perda e dor. É natural, gostamos da pessoa e desejamos que continue vivendo conosco. Mas, a morte é a única certeza da vida e está enquadrada nos acontecimentos normais da existência de todo mundo. A todo instante, partem jovens e velhos, sadios e enfermos... 
Contudo, o fenômeno espírita existe há muito mais tempo, tanto é verdade que J. H. Pires, em O Espírito e o Tempo, ao analisar os vários horizontes pelos quais a humanidade passou, resgata parte dessa memória. Ele começa pelo estudo do horizonte tribal (mediunismo primitivo), passa pelo horizonte agrícola (animismo e culto dos ancestrais), pelo horizonte civilizado (mediunismo oracular), pelo horizonte profético (mediunismo bíblico) e termina no horizonte espiritual (mediunidade positiva). 

Numa dimensão estritamente do fenômeno mediúnico, Arthur Conan Doyle, em A História do Espiritismo, relata-nos as experiências mediúnicas de Emmanuel Swedenborg, a partir de 1744, de Edward Irving, entre 1830 e 1833, de Andrew Jackson Davis,a partir de 1844 etc.  

Afirma-nos que o dia 31/03/1848 assinala um marco importante para o novo movimento espírita-espiritualista mundial, pois é partir do episódio de Hydesville, vilarejo típico do Estado de New York, em que as crianças Kate e Margaret, cujos pais eram de religião metodista, conversam com o Espírito Charles B. Rosma, um mascate assassinado e enterrado na adega da casa. 

Raps, pancadas ou poltergeist deram o início; depois veio a febre das mesas girantes, onde o mundo todo tem notícias de pessoas em volta de uma mesa, esperando-a tornear e trazer mensagens do mundo espiritual.  

É Dentro desse contexto que surge o codificador do Espiritismo. 

3. A CODIFICAÇÃO DO ESPIRITISMO 
3.1. O CODIFICADOR 
3.1.1. ALLAN KARDEC (1804-1869) 

Hippolyte-Léon Denizard Rivail, cognominado Allan Kardec, nasceu em 3 de outubro de 1804 e desencarnou em 31 de março de 1869. 

Allan kardec foi escolhido para ser o codificador do Espiritismo em virtude de suas duas encarnações anteriores: 1) como sacerdote druida, chamado Allan kardec, na época de Júlio César, no século VI a. C.; 2) como professor da universidade de Praga, queimado no dia 06/07/1415, juntamente com Jerônimo de Praga. 

Aliada à sua bagagem de vidas pretéritas, teve o apoio incondicional do Espírito Verdade, que prometeu auxiliá-lo em todas as suas tarefas, visto a obra a ser extremamente importante para toda a humanidade, no sentido de mudar a visão de mundo, que se mostrava essencialmente materialista. Esta nova doutrina viria resgatar os ensinamentos do Mestre Jesus, colocando-os no seu devido lugar, tanto em teoria quanto em prática. Seria, também, uma ferramenta de trabalho que auxiliaria o ser humano a pensar mais racionalmente a fé e a revelação. 

Auxiliado por uma plêiade de Espíritos Superiores, pode trazer a lume as Obras Básicas, que se consubstanciaram em O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese. Além desses livros publicou também a Revista Espírita, periódico mensal, cuja 1.ª edição deu-se em  1.º de janeiro de 1858. (KARDEC, 1981). 

3.2. COADJUVANTES DA CODIFICAÇÃO:

O Espírito Humberto de Campos, em Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, diz que “Segundo os planos de trabalho do mundo invisível, o grande missionário, no seu maravilhoso esforço de síntese, contaria com a cooperação de uma plêiade de auxiliares de sua obra, designados particularmente para coadjuvá-lo, nas individualidades de João-Batista Roustaing, que organizaria o trabalho da fé; de Léon Denis, que efetuaria o desdobramento filosófico; de Gabriel Delanne, que apresentaria a estrada científica; de Camille Flammarion, que abriria a cortina dos mundos, desenhando as maravilhas das paisagens celestes, cooperando assim na codificação kardeciana no Velho Mundo e dilatando-a com os necessários complementos”. (Xavier, 1977, p. 176) 

3.2.1. LÉON DENIS (1846-1927) 

Quando Allan Kardec desencarnou, Léon Denis estava com 23 anos de idade e viveria ainda mais de 58 anos, tempo suficiente para assimilar e ampliar o conteúdo doutrinário trazido pelo Codificador. De acordo com o seu biógrafo, Gaston Luce, Léon Denis e Allan Kardec têm, entre si, íntima relação. Ambos são druídas reencarnados, pois viveram nas Gálias, no século V a. C.. O nome Léon Denis está escrito no de Kardec, ou seja, Hippolyte LEON DENIZard Rivail. São Jerônimo de Praga, seu guia espiritual, fora discípulo de João Huss (encarnação anterior de Kardec), os dois queimados vivos, no Século XV, por ordem do Concílio de Constança. 

A integridade de seu caráter criava-lhe condições necessárias para o cumprimento do seu dever. Ao cogito ergo sum de Descartes, acrescenta: "Eu sou e quero ser sempre mais do que sou". Vegetariano, dizia que não havia bebida melhor do que a água. De moral elevada, procurava cumprir tudo o que prometia. Tornou-se, com o tempo, um autodidata, o que lhe conferia pensar com a própria cabeça. 

A propagação do Espiritismo não foi tarefa fácil. Como acontece com toda a idéia nova, sofreu, também, os ataques de seus opositores. Léon Denis teve de lutar contra o materialismo, a falta de idealismo, o cientificismo e o positivismo de Augusto Comte, que grassavam nas universidades. As conferências, os congressos e os livros publicados foram suas armas para a divulgação e a consolidação do edifício doutrinário, alicerçado pelas pesquisas e análises de Allan Kardec. 

Escreveu, entre outras, as seguintes obras:  Porquê da Vida, 1885; Depois da Morte, 1890;  Cristianismo e Espiritismo, 1898;  Joana D'Arc Médium, 1910;  O Grande Enigma, 1911;  O Mundo Invisível e a Guerra, 1919;  O Gênio Céltico e o Mundo Invisível, 1927. (LUCE, 1968) 

3.2.2. GABRIEL DELANNE (1857-1926) 

Allan Kardec, Léon Denis e Gabriel Delanne merecem, por seu devotamento à Ciência Espírita, serem chamados "Apóstolos do Espiritismo". Dentre eles, apenas Gabriel Delanne nasceu numa família que já conhecia o Espiritismo. Allan kardec, quando iniciou as suas atividades espíritas, já tinha 51 anos. Léon Denis, a seu turno, viveu 16 anos sem ter ouvido falar de Espiritismo. 

Seu pai, Alexandre Delanne, ao viajar em negócios, ouviu falar do Espiritismo, o que lhe ensejou a leitura de O Livro dos Espíritos e O Livro dos Médiuns. Depois dessa leitura, teve a curiosidade de conhecer pessoalmente Allan Kardec. Fê-lo, e foi acolhido fraternalmente pelo Codificador do Espiritismo. Tornaram-se amigos, a ponto de Allan Kardec freqüentar a sua casa. Foi dentro desse ambiente que cresceu Gabriel Delanne. 

- Foi fundador, juntamente com seu pai, da União Espírita Francesa, em 24/12/1882; - Colaborador e redator da revista bimensal Le Spiritism, em março de 1883; - Auxiliou na fundação da Federação Francesa-Belgo-Latina, em 1883; - Durante os anos de 1886, 1887, 1888, 1889 e 1890 fez inúmeras conferências de propaganda do Espiritismo. - Em julho de 1896 apareceu o 1.º número da Revista Científica Moral do Espiritismo, fundada por Gabriel Delanne. 

Deixou-nos diversas obras, entre as quais, citamos:Le Spiritisme devant la Science (O Espiritismo perante a Ciência), em 1885; Le Phénomène Spirite (O Fenômeno Espírita), em 1896;L’Évolution Animique (A Evolução Anímica), em 1897. (BODIER e REGNAULT, 1988).

3.3.3. CAMILLE FLAMMARION (1842-1925) 

Flammarion foi um homem cujas obras encheram de luzes o século XIX. Ele era o mais velho de uma família de quatro filhos, entretanto, desde muito jovem se revelaram nele qualidades excepcionais. Queixava-se constantemente que o tempo não lhe deixava fazer um décimo daquilo que planejava. Aos quatro anos de idade já sabia ler, aos quatro e meio sabia escrever e aos cinco já dominava rudimentos de gramática e aritmética. Tornou-se o primeiro aluno da escola onde freqüentava. Para que ele seguisse a carreira eclesiástica, puseram-no a aprender latim com o vigário Lassalle. Aí Flammarion conheceu o Novo Testamento e a Oratória. Em pouco tempo estava lendo os discursos de Massilon e Bonsuet. O padre Mirbel falou da beleza da ciência e da grandeza da Astronomia e mal sabia que um de seus auxiliares lhe bebia as palavras. Esse auxiliar era Camille. 

Tornando-se espírita convicto, foi amigo pessoal e dedicado de Allan Kardec, tendo sido o orador designado para proferir as últimas palavras à beira do túmulo do Codificador do Espiritismo, a quem denominou o bom senso encarnado. Camille Flammarion, segundo Gabriel Delanne, foi um filósofo enxertado em sábio, possuindo a arte da ciência e a ciência da arte. Flammarion – poeta dos Céus, como o denominava Michelet –  tornou- se baluarte do Espiritismo, pois, sempre coerente com suas convicções inabaláveis, foi um verdadeiro idealista e inovador. 

Eis algumas de suas obras: Deus na Natureza, As Casas Mal- Assombradas, Narrações do Infinito, Sonhos Estelares, Urânia, Estela e O Fim do Mundo. (Grandes Vultos do Espiritismo) 

4. CONTRIBUIÇÃO ITALIANA: 
4.1. ERNESTO BOZZANO (1861-1943) 

A contribuição de Ernesto Bozzano foi providencial para a propagação do Espiritismo além fronteira francesa. Bozzano era um cientista materialista-positivista. Em 1891 o professor Ribot, diretor da "Revista Filosófica", informou-o do lançamento da revista "Anais das Ciências Psíquicas", dirigida pelo Dr. Darieux, sob a inspiração do professor Charles Richet. A sua primeira impressão sobre a revista foi desairosa, dado o fato de considerar verdadeiro escândalo a circunstância de representantes da ciência oficial discutirem seriamente a possibilidade da transmissão do pensamento de um a outro continente, da aparição de fantasmas e das casas mal-assombradas. O prof. Rosenbach de Peterburgo escrevera violento artigo na "Revista Filosófica", contra a introdução desse novo misticismo no domínio da psicologia oficial. Na edição subseqüente, Richet refutou ponto por ponto, as afirmações errôneas de Rosenbach e as suas inconsistentes considerações, tendo esse artigo o mérito de convencer Bozzano. 

Nesses mesmos dias aparecia o famoso livro de Gurney, Podmore e Myers: "Fantasmas dos Vivos", relatando grande número de casos devidamente controlados e bem documentados. Os últimos resquícios de dúvida de Bozzano em torno da crença na existência de fenômenos telepáticos foram assim dissipados. Daí por diante dedicou-se, com fervor, ao estudo dos fenômenos espíritas, através das obras de Kardec, Léon Denis, Delanne, Gibier, Crookes, Wallace e outros. 

Formou um grupo com a participação do dr. Giuseppe Venzano, Luigi Vassalo e os professores Enrique Morselli e francisco Porro, da Universidade de Gênova. Esse grupo deu o que falar à imprensa italiana e estrangeira, pois praticamente havia se obtido a realização de quase todos os fenômenos, culminando com a materialização de seis espíritos perfeitamente visíveis. 

Escreveu, entre outras, as seguintes obras: Dos Casos de Identificação Espírita, Dos Fenômenos Premonitórios, Animismo e Espiritismo, Pensamento e Vontade, Os Enigmas da Psicometria, A Crise da Morte, Xenoglossia. (Anuário Espírita de 1966) 

7. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA: 

ABREU, C. Bezerra de Menezes - Subsídios para a História do Espiritismo no Brasil, até o ano de 1895.
Anuário Espírita de 1966, Araras, Ide, 1966.
BODIER, Paul e REGNAULT, Henri. Gabriel Delanne: Sua Vida, seu Apostolado, sua Obra. Rio de Janeiro, C. E. Léon Denis, 1988.
FERNANDES, Washington Luís Nogueira. Atos do Apóstolo Espírita: Conheça um pouco a Vida de Divaldo. São Paulo: Feesp, 2000.
Grandes Vultos do Espiritismo.
IBSEN, S. R. (Organizador). Chico Xavier por ele mesmo. São Paulo, Martin Claret, 1994.
KARDEC, A. O Que é o Espiritismo. 23. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1981.
LUCE, G. Vida e Obra de Léon Denis. São Paulo, Edicel, 1968.
MARTINS, Celso. Recordando Deolindo Amorim Capivari, Lar/ABC, 1989.
RIZZINI, Jorge. J. Herculano Pires: O Apóstolo de Kardec. São Paulo: Paidéia, 2001.
XAVIER, F. C. Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, pelo Espírito Humberto de Campos. 11. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1977. 



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quinta-feira, 26 de julho de 2012

JENNY COCKELL - UMA SURPREENDENTE HISTÓRIA DE AMOR

                         




“Mary morreu aos 21 anos antes do meu 
nascimento, mas as memórias de sua vida e 
de seu tempo sempre fizeram parte de mim, 
moldando de maneira decisiva a pessoa que me 
tornei. Este é o relato da minha busca pelos 
filhos de Mary e por auto-entendimento. 
Ao pesquisar o passado, tive de 
desenterrar e enfrentar os meus 
sentimentos de inadequação e medo, 
descobrindo suas motivações. Sabia que 
precisava encontrar os meus filhos de 'ontem'
 ou minha vida sempre seria ofuscada pelas
 lembranças de um passado de tristeza, raiva e perda. De certo modo, este livro foi escrito para
 e  por causa dos filhos de Mary1.”
Com as afirmações acima, Jenny Cockell inicia o relato das suas lembranças de uma vida 
anterior, Minha Vida em Outra Vida. Embora este tipo de relato tenha se tornado muito comum,
 sendo facilmente encontrado vários títulos à respeito, o de Jenny Cockell é diferente, 
constituindo uma das mais sólidas evidências em favor da realidade do fenômeno 
reencarnatório. O leitor mais cético, ao lê-lo, ficará no mínimo intrigado com a riqueza de
 detalhes, informações e dados apresentados.
Nascida em 1953 na Inglaterra, no seio de uma 
família não muito religiosa, desde a infância
 Jenny Cockell vivia dividida entre a vida atua
l e a passada. Tinha um sonho recorrente, que
 sempre a conduzia às lágrimas: estava num
 hospital, sozinha, agonizante. Sabia que o seu 
nome era Mary e que iria morrer. Dominava-a,
 não o temor da morte, mas a angústia e o
 desespero por estar deixando, contra a sua
 vontade, oito filhos ao léu, sem o suporte e a orientação
 necessárias.
Este sonho, ao lado de lembranças fragmentárias que surgiam no estado de vigília, fizeram 
parte do quotidiano de Jenny Cockell, influenciando profundamente o seu 
desenvolvimento psicológico, emocional e social.
Mas, afinal, quem era aquela mulher, chamada Mary? Será que era este mesmo o nome dela?
 O que ela tinha a ver com Jenny? Por que o mesmo sonho sempre se repetia? Por que parecia 
sentir a mesma aflição que Mary sentia? Como explicar que também se julgasse de algum
 modo responsável pelo destino dos filhos de Mary?

Um curioso quebra-cabeças...

“Grande parte das minhas memórias vinha em fragmentos isolados e, às vezes, tinha 
dificuldade de dar um sentido a elas. Mas outras partes eram bastante completas e 
repletas de detalhes. Era como um quebra-cabeça com certas peças apagadas, outras fora de
 lugar e algumas bem nítidas e fáceis de 
encaixar. Os filhos ocupavam a maior parte das
 minhas memórias, assim como o chalé 
e sua localização. Outros locais e pessoas não 
eram tão nítidos para mim2.”
As nossas lembranças normalmente desafiam 
a lógica, sendo muito difícil entender
 por que lembramos disto e não daquilo. 
As lembranças da infância quase sempre 
assomam de forma desordenada, 
sem obedecer a nenhuma cronologia. Nós lembramos,
 frequentemente, de algo que foi emocionalmente significativo para nós. Ocorre o mesmo 
com as lembranças de vidas passadas.
É excelente a forma como Jenny Cockell categoriza as suas lembranças, comparando-as
 a um quebra-cabeça “ (…) com certas peças apagadas, outras fora de lugar e algumas bem 
nítidas e fáceis de encaixar”. A montagem deste quebra-cabeça parece ter sido a sua missão
 na vida atual.
Entre as lembranças que tinha destacava-se a do chalé em que morava com o marido e os 
filhos. Nele desenrolou-se a conturbada e curta vida de Mary. A lembrança era tão nítida 
que Jenny foi capaz de fazer uma precisa descrição dele e até mesmo esboçar um mapa 
com a sua localização. Lembrava, também, com muita clareza do vilarejo em que vivia e 
das suas ocupações diárias. Contudo, o objeto central das suas recordações, como não 
poderia deixar de ser, era a preocupação com os filhos.
Mary casara-se cedo com um forasteiro, um ex-combatente da Primeira Guerra 
Mundial (1914-1918), que logo se demonstrou soturno e agressivo. Sua vida não era fácil.
 Miserável talvez fosse o melhor qualificativo para caracterizá-la. 
Muitas vezes Mary e os filhos passaram fome...

Algumas lembranças precisas...

“Havia algumas certezas ligadas às lembranças das pessoas, dos lugares e das emoções. 
Sempre soube que o período no qual Mary viveu se estendia de 1898 a 1930. Também sabia
 que ela vivera na Irlanda. Não posso explicar por que ou como esse conhecimento estava, 
de algum modo, presente em minha mente. De certa maneira, essa lembrança me 
causava problemas. Por exemplo, meus irmãos, conscientes de minhas preferências, sabiam 
que eu só brincaria de soldado se me deixassem defender a Irlanda3.”
Impressiona a minudência e a precisão das lembranças de Jenny Cockell. No trecho 
acima destacado ela revela o período em que Mary teria vivido, entre 1898 e 1930, bem como 
o lugar, em alguma parte da Irlanda. Não obstante não saber explicar de onde advinha 
semelhante certeza, as verificações que mais tarde foram feitas provaram que elas estavam 
mais do que certas.
Numa análise retrospectiva, Jenny Cockell compreendia muito bem o impacto que 
as suas lembranças tiveram na vida atual, desde tenra idade, determinando 
comportamentos, predileções e atitudes.
O fato das suas lembranças serem tão vívidas talvez se deva ao forte componente emocional 
que elas veiculam. A dor da separação dos filhos deve ter sido tão intensa, a angústia por 
deixá-los sozinhos no mundo tão grande, o sentimento de culpa acentuado por não conseguir
 vencer a morte para atendê-los conforme precisavam, possivelmente exerceram a 
função de catalizadores destas lembranças em Jenny Cockell.
Só mesmo a preocupação e amor de uma mãe para superar até os limites impostos pela morte!

Normalidade das lembranças.

“Eu não tinha nenhum motivo para duvidar que essas lembranças eram reais. Pensava 
que lembranças desse tipo eram comuns e, por isso, esperava que outras pessoas as tivessem
 também4.”
Infelizmente, não temos por hábito considerar cada um na realidade que lhe é própria. O que 
é normal para mim talvez não o seja para outro e vice-versa. Mas isso não significa que eu ou
 o outro sejamos anormais, apenas que somos diferentes, contextualizados em nossas 
experiências, habilidades, conhecimentos e conquistas interiores. Foi assim com Jenny...
Acreditando que todos se lembravam da vida anterior, Jenny Cockell demorou um 
pouco em entender a sua singularidade.
Recordava de um diálogo que tivera com sua mãe, quando contava apenas quatro anos
de idade. Regressava da escolinha dominical e sua mãe lhe perguntou se havia gostado, ao 
que ela respondeu afirmativamente, manifestando, entretanto, um certo estranhamento.
 Não conseguia entender por que num lugar em que se falava tanto da vida e da morte, 
não se falava também das vidas passadas! A mãe de Jenny ficou chocada com a 
indagação da filha, pois
 ninguém na família era reencarnacionista, nem sequer a reencarnação era assunto 
em suas conversações. A mãe relutou muito tempo em aceitar as lembranças estranhas que 
a filha possuía...Ali, naquele diálogo franco e desembaraçado com a mãe, 
Jenny Cockell descobriu “(...) 
que a reencarnação era vista como uma crença, não um fato5.”
Até hoje a maioria das pessoas encara a reencarnação como uma crença partilhada 
por algumas religiões e pessoa, não como uma realidade biológica, à qual todos
 estamos submetidos, aceitando ou não.

Influências do passado...

“Ao longo desses anos de relacionamentos desastrosos, sendo que o último se desgastara 
tanto que me deixou traumatizada, sempre tentei me lembrar da relação de Mary com seu
 marido, se era boa ou não. No início fora fácil me recordar dele, um homem bonito e 
imponente que surgira na vida de Mary logo após o término da I Guerra Mundial [...]6.”
O nosso passado espiritual interfere diretamente sobre nossa existência atual. As primeiras
 relações amorosas de Jenny Cockell, por exemplo, foram conturbadas, refletindo o padrão
 negativo gerado no relacionamento pregresso de Mary com o esposo. Por sofrer-lhe 
repetidas agressões, Mary fechava-se em si mesma, como um caracol, tendo muito 
medo e dificuldade de expressar seus sentimentos de uma forma aberta.
Esta característica negativa do passado persistiu por longos anos, até que Jenny se deu 
conta da mesma e passou a trabalhá-la em seu mundo íntimo. Depois de algum tempo, 
encontrou um companheiro que a completava, casando-se com ele e tendo dois filhos.

Nada se perde...

“Sempre quis ter filhos, por isso passei muitos
 anos fazendo roupas para eles antes 
mesmo de nascerem. Costurar roupas, que na 
minha vida atual descobrira ser uma 
habilidade instintiva, aparecia frequentemente
 como parte da memória de Mary. E, por alguma 
razão, o casaco do garoto mais novo permanece na
 minha mente, talvez porque ele mexia na bainha 
quando andava. Era um casaco de lã e me lembro 
de tê-lo costurado a mão, aproveitando o tecido de 
um velho casaco. Um sentimento de 
orgulho pela qualidade do meu trabalho também faz parte desta lembrança7.”
É surpreendente o encadeamento lógico entre as vidas de Mary e de Jenny. Uma mesma 
alma, mas com muitas vidas. A continuidade, não só das lembranças, mas também de 
características e habilidades de Mary em Jenny, oferecem um demonstrativo da
 interdependência e solidariedade que há nas vidas sucessivas.
A ansiedade e o desejo de Jenny por filhos era ao mesmo tempo a ansiedade e o desejo 
de Mary pelos seus.
Jenny recordava-se que Mary era uma exímia costureira, lembrando especificamente de um 
casaco que fizera para o filho mais novo. Sem aprendizagem prévia, desde pequena, 
Jenny demonstrou intimidade com a agulha e as linhas, habilidade que constituía 
herança da existência anterior.
Da mesma forma nós, no âmbito das nossas tendências e pendores, revelamos a 
ação das experiências pregressas, adquiridas nas vidas passadas.

Os filhos desta vida.

“A obsessão pela minha vida passada, apesar de não ocupar mais o primeiro plano, não foi
 deixada de lado. Ela estava esperando o tempo certo para emergir novamente e foi 
retornando aos poucos. Conforme meus filhos cresciam e a força do meu sentimento 
materno era nutrida pelo amor deles, aumentava também a necessidade de encontrar 
a minha família da outra vida. Aquelas crianças tinham sido privadas ainda na infância daquilo
 que os meus filhos estavam desfrutando agora, por isso sentia que tinha que fazer algo a
respeito. Parecia não ser mera coincidência o fato de a minha necessidade de busca 
pela vida passada se intensificar conforme me aproximava da idade com que Mary morreu,
 trinta e poucos anos [...]8.”
Ao tornar-se mãe, a ansiedade de Jenny diminui, assim como as lembranças da vida 
anterior. Contudo, a medida que o tempo passava, elas voltaram a se manifestar, agora 
com uma intensidade quase insuportável. Foi uma fase muito difícil para ela.
Jenny Cockel chama a atenção para o fato de que a intensificação das lembranças 
ocorria justo quando estava entrando na casa dos trinta anos, a mesma idade que Mary tinha 
quando morreu. São mais do que curiosas essas relações temporais. A vida de Jenny, 
conquanto diferente, seguia paralelamente a de Mary.
Enquanto não encontrasse os filhos da vida passada, Jenny sabia que não teria paz dentro si.

                                                    Sessões hipnóticas.

“A hipnose é uma experiência estranha mesmo
 quando não há regressão. Todas as 
lembranças que ficaram escondidas no 
subconsciente e às quais não tinha acesso vêem 
à tona. É uma faca de dois gumes: uma 
experiência ao mesmo tempo 
maravilhosa e perturbadora. Algumas das 
memórias que as pessoas escondem no fundo 
de suas mentes estão lá por uma boa razão. 
Talvez essas sejam as lembranças que
 elas se sentem incapazes ou não têm coragem de 
enfrentar, e que foram escondidas como uma forma de autoproteção. Ao revelarmos e 
expormos qualquer uma de nossas memórias profundas, somos forçados a olhar de novo
 tanto para as lembranças esquecidas como para as reprimidas9.”
Por estar angustiada e aflita em função das suas lembranças, Jenny Cockell aceitou o 
conselho de uma amiga e buscou o concurso se um hipnoterapeuta, recorrendo à regressão
 para resolver o seu drama particular, obtendo maiores informações sobre a vida de Mary.
Várias sessões hipnóticas transcorreram e tiveram o efeito desejado, desencadeando um 
turbilhão de lembranças da vida anterior.
Com o material recolhido das regressões e das lembranças espontâneas, Jenny Cockel deu
 início a grande busca, nesta vida, dos filhos da vida anterior. Era a sua odisséia pessoal.
Acreditava que o vilarejo em que vivera era Malahide, localizado próximo a Dublin, na costa 
leste da Irlanda.
Após corresponder-se com alguns moradores da localidade, fez uma viagem até lá, 
confirmando a autenticidade das suas lembranças.
O quebra-cabeça começava a mostrar contornos mais nítidos...

Notícias alvissareiras...

Jenny Cockell escreveu várias cartas para os moradores daquela localidade, indagando 
sobre uma mulher, provavelmente chamada Mary, que teria vivido num chalé 
(deu a sua localização), possuindo oito filhos, tendo morrido na década de 30...
Para sua surpresa, uma de suas cartas foi respondida pelo Senhor Mahon, que lhe escreveu:
“Quanto à mãe que faleceu na década de 1930, chamava-se senhora SUTTON. Acredito que o
 seu esposo era um soldado britânico que lutou na Primeira Guerra. Após sua morte, os filhos
 foram enviados para orfanatos. Posteriormente, a filha mais velha Mary voltou para casa. 
Acredito que o marido retornou ao Reino Unido, a fim de treinar soldados para Segunda 
Guerra. As crianças foram educadas em escolas católicas, mas talvez o pai pertencesse à 
Igreja da Irlanda.”
Jenny não coube em si de tanto contentamento, sua busca rendera os primeiros 
resultados significativos.
Munida dos dados fornecidos pelo Sr. Mahon, 
obteve o nome e a data de nascimento dos filhos de
 Mary:
Mary (?)
Sonny (1919)
Jeffrey (1923).
Philomena (1925).
Christopher (1926).
Francis (1928).
Bridget (1929).
Elizabeth (1932).
Pesquisando o endereço em listas telefônicas,
 pelo sobrenome, escreveu para várias 
pessoas, na expectativa que alguma delas tivesse 
notícia sobre o paradeiro dos filhos de Mary.

Um telefonema inesperado...


Certo dia, depois de ter chegado em casa do trabalho, Jenny Cockell foi 
agradavelmente surpreendida por uma ligação. Era de um dos seus filhos, Jeffrey.
“Apesar de certa confusão do outro lado da linha, revelou-me vários detalhes sobre a família
 e me deu os endereços e números de telefones de dois dos irmãos, Sonny e Francis
 (Frank). Os garotos, Sonny, Jeffrey, Christopher e Frank, tinham se encontrado anos antes,
 mas o paradeiro das filhas era desconhecido. As garotas foram enviadas a um orfanato 
diferente, uma escola de freiras na verdade, e tinham perdido contato com os irmãos11.”
Momento constrangedor para Jenny, quando Jeffrey perguntou como ela sabia tanto da
 família dele e qual era a ligação com ela. Como Jenny explicaria as lembranças da vida
 anterior? Como diria para um homem que poderia ser o seu pai que ela, na verdade, era a
 sua mãe reencarnada? Jenny apenas conseguiu dizer que lembrava da família através de 
sonhos. Jeffrey demonstrou grande reserva e ceticismo ante aquela revelação e custou a
 entrar em contato de novo.

A conversa com Sonny.

“Na terça-feria, 15 de maio de 1990, tomei
coragem e liguei para ele. Quando Sonny 
atendeu, ouvi uma voz suave com forte resquício
 de um sotaque do sul da Irlanda. Lembrara dele
 como uma criança direta e franca, portanto, 
sabia que precisava ser bem sucinta sobre quem
 era e por que estava ligando. Isso não foi 
fácil, mas expliquei que lembrara da família 
através de sonhos, falando rapidamente do chalé e que este era o primeiro à esquerda 
[…]. Esse homem de 71 anos, nascido em 1919, rapidamente captou a mensagem do que 
tentava explicar. Ele confirmou logo de cara que a posição do chalé estava correta.
 Fiquei emocionada. Era algo que não tinha sido capaz de confirmar até aquele momento12.”
A conversa de Jenny com Sonny foi muito proveitosa. Sonny demonstrou maior abertura 
do que Jeffrey para aceitar as lembranças de Jenny. Conversaram longamente...
Jenny contou coisas que lembrava da infância de Sonny e o deixou boquiaberto, pois não 
entendia como alguém que nunca tivera contato com ele, pudesse ter informações tão
 particulares e precisas a seu respeito. Em especial, ela lembrava de um dia em que Sonny
trouxera para casa, em uma armadilha, uma lebre que ainda estava viva... Foi um dia de 
alegria e de fartura para
 toda a família de Mary. 
Este relato comoveu 
profundamente Sonny, pois 
não era conhecido de mais 
ninguém, apenas dele, dos
 irmãos e da mãe.
Jenny descobriu que 
após sua morte, os filhos
, por impossibilidade de 
serem criados pelo pai, 
 foram recolhidos em orfanatos, os meninos sendo separados das
 meninas. Os meninos mantiveram contato entre si, ainda que esporádico, mas nunca mais 
souberam das irmãs.
A partir do contato feito por Jenny, entretanto, foi possível localizar as demais irmãs.
Estava cumprida a missão de Jenny Cockell, uma vez que conseguira reunir em torno de 
si, os filhos da outra vida, reatando laços que nem o tempo, nem a morte, foram capazes de 
extinguir.
Por isso mesmo, a história de Jenny Cockell pode ser definida, sem contradita, 
como uma surpreendente história de amor, de um amor transcendente de uma mãe 
pelos seus filhos...
________________________________________ 
1COCKELL, Jenny. Minha Vida em Outra Vida. Rio de Janeiro: Federação Espírita
Brasileira, 2007. p.9.
"A caridade é um exercício espiritual... Quem pratica o bem, coloca em movimento as forças da alma."
Chico Xavier
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