sábado, 28 de julho de 2012

Espiritismo na França!



1. INTRODUÇAO

O objetivo deste estudo é resgatar a vida e a obra de dez eminentes representantes da Doutrina Espírita. Os nomes escolhidos foram: Allan Kardec, por ser o codificador; Léon Denis, Gabriel Delanne e Camille Flammarion, por serem coadjuvantes de Kardec; Ernesto Bozzano, pela catalogação de experiências mediúnicas; Bezerra de Menezes, por ser o aglutinador do Espiritismo nas terras brasileiras; J. H. Pires e Deolindo Amorim, pela clareza doutrinária; Chico Xavier, pela mediunidade de psicografia; Divaldo Pereira Franco, pela expansão mundial da Doutrina. Como toda a escolha envolve uma não escolha, há muitos outros nomes que poderiam ser acrescentados a esta lista. Vejamos a contribuição de cada um dos indicados. 

2. ANTECEDENTES: 


Quando morre alguém, sentimo-nos todos tomados por um sentimento de perda e dor. É natural, gostamos da pessoa e desejamos que continue vivendo conosco. Mas, a morte é a única certeza da vida e está enquadrada nos acontecimentos normais da existência de todo mundo. A todo instante, partem jovens e velhos, sadios e enfermos... 
Contudo, o fenômeno espírita existe há muito mais tempo, tanto é verdade que J. H. Pires, em O Espírito e o Tempo, ao analisar os vários horizontes pelos quais a humanidade passou, resgata parte dessa memória. Ele começa pelo estudo do horizonte tribal (mediunismo primitivo), passa pelo horizonte agrícola (animismo e culto dos ancestrais), pelo horizonte civilizado (mediunismo oracular), pelo horizonte profético (mediunismo bíblico) e termina no horizonte espiritual (mediunidade positiva). 

Numa dimensão estritamente do fenômeno mediúnico, Arthur Conan Doyle, em A História do Espiritismo, relata-nos as experiências mediúnicas de Emmanuel Swedenborg, a partir de 1744, de Edward Irving, entre 1830 e 1833, de Andrew Jackson Davis,a partir de 1844 etc.  

Afirma-nos que o dia 31/03/1848 assinala um marco importante para o novo movimento espírita-espiritualista mundial, pois é partir do episódio de Hydesville, vilarejo típico do Estado de New York, em que as crianças Kate e Margaret, cujos pais eram de religião metodista, conversam com o Espírito Charles B. Rosma, um mascate assassinado e enterrado na adega da casa. 

Raps, pancadas ou poltergeist deram o início; depois veio a febre das mesas girantes, onde o mundo todo tem notícias de pessoas em volta de uma mesa, esperando-a tornear e trazer mensagens do mundo espiritual.  

É Dentro desse contexto que surge o codificador do Espiritismo. 

3. A CODIFICAÇÃO DO ESPIRITISMO 
3.1. O CODIFICADOR 
3.1.1. ALLAN KARDEC (1804-1869) 

Hippolyte-Léon Denizard Rivail, cognominado Allan Kardec, nasceu em 3 de outubro de 1804 e desencarnou em 31 de março de 1869. 

Allan kardec foi escolhido para ser o codificador do Espiritismo em virtude de suas duas encarnações anteriores: 1) como sacerdote druida, chamado Allan kardec, na época de Júlio César, no século VI a. C.; 2) como professor da universidade de Praga, queimado no dia 06/07/1415, juntamente com Jerônimo de Praga. 

Aliada à sua bagagem de vidas pretéritas, teve o apoio incondicional do Espírito Verdade, que prometeu auxiliá-lo em todas as suas tarefas, visto a obra a ser extremamente importante para toda a humanidade, no sentido de mudar a visão de mundo, que se mostrava essencialmente materialista. Esta nova doutrina viria resgatar os ensinamentos do Mestre Jesus, colocando-os no seu devido lugar, tanto em teoria quanto em prática. Seria, também, uma ferramenta de trabalho que auxiliaria o ser humano a pensar mais racionalmente a fé e a revelação. 

Auxiliado por uma plêiade de Espíritos Superiores, pode trazer a lume as Obras Básicas, que se consubstanciaram em O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese. Além desses livros publicou também a Revista Espírita, periódico mensal, cuja 1.ª edição deu-se em  1.º de janeiro de 1858. (KARDEC, 1981). 

3.2. COADJUVANTES DA CODIFICAÇÃO:

O Espírito Humberto de Campos, em Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, diz que “Segundo os planos de trabalho do mundo invisível, o grande missionário, no seu maravilhoso esforço de síntese, contaria com a cooperação de uma plêiade de auxiliares de sua obra, designados particularmente para coadjuvá-lo, nas individualidades de João-Batista Roustaing, que organizaria o trabalho da fé; de Léon Denis, que efetuaria o desdobramento filosófico; de Gabriel Delanne, que apresentaria a estrada científica; de Camille Flammarion, que abriria a cortina dos mundos, desenhando as maravilhas das paisagens celestes, cooperando assim na codificação kardeciana no Velho Mundo e dilatando-a com os necessários complementos”. (Xavier, 1977, p. 176) 

3.2.1. LÉON DENIS (1846-1927) 

Quando Allan Kardec desencarnou, Léon Denis estava com 23 anos de idade e viveria ainda mais de 58 anos, tempo suficiente para assimilar e ampliar o conteúdo doutrinário trazido pelo Codificador. De acordo com o seu biógrafo, Gaston Luce, Léon Denis e Allan Kardec têm, entre si, íntima relação. Ambos são druídas reencarnados, pois viveram nas Gálias, no século V a. C.. O nome Léon Denis está escrito no de Kardec, ou seja, Hippolyte LEON DENIZard Rivail. São Jerônimo de Praga, seu guia espiritual, fora discípulo de João Huss (encarnação anterior de Kardec), os dois queimados vivos, no Século XV, por ordem do Concílio de Constança. 

A integridade de seu caráter criava-lhe condições necessárias para o cumprimento do seu dever. Ao cogito ergo sum de Descartes, acrescenta: "Eu sou e quero ser sempre mais do que sou". Vegetariano, dizia que não havia bebida melhor do que a água. De moral elevada, procurava cumprir tudo o que prometia. Tornou-se, com o tempo, um autodidata, o que lhe conferia pensar com a própria cabeça. 

A propagação do Espiritismo não foi tarefa fácil. Como acontece com toda a idéia nova, sofreu, também, os ataques de seus opositores. Léon Denis teve de lutar contra o materialismo, a falta de idealismo, o cientificismo e o positivismo de Augusto Comte, que grassavam nas universidades. As conferências, os congressos e os livros publicados foram suas armas para a divulgação e a consolidação do edifício doutrinário, alicerçado pelas pesquisas e análises de Allan Kardec. 

Escreveu, entre outras, as seguintes obras:  Porquê da Vida, 1885; Depois da Morte, 1890;  Cristianismo e Espiritismo, 1898;  Joana D'Arc Médium, 1910;  O Grande Enigma, 1911;  O Mundo Invisível e a Guerra, 1919;  O Gênio Céltico e o Mundo Invisível, 1927. (LUCE, 1968) 

3.2.2. GABRIEL DELANNE (1857-1926) 

Allan Kardec, Léon Denis e Gabriel Delanne merecem, por seu devotamento à Ciência Espírita, serem chamados "Apóstolos do Espiritismo". Dentre eles, apenas Gabriel Delanne nasceu numa família que já conhecia o Espiritismo. Allan kardec, quando iniciou as suas atividades espíritas, já tinha 51 anos. Léon Denis, a seu turno, viveu 16 anos sem ter ouvido falar de Espiritismo. 

Seu pai, Alexandre Delanne, ao viajar em negócios, ouviu falar do Espiritismo, o que lhe ensejou a leitura de O Livro dos Espíritos e O Livro dos Médiuns. Depois dessa leitura, teve a curiosidade de conhecer pessoalmente Allan Kardec. Fê-lo, e foi acolhido fraternalmente pelo Codificador do Espiritismo. Tornaram-se amigos, a ponto de Allan Kardec freqüentar a sua casa. Foi dentro desse ambiente que cresceu Gabriel Delanne. 

- Foi fundador, juntamente com seu pai, da União Espírita Francesa, em 24/12/1882; - Colaborador e redator da revista bimensal Le Spiritism, em março de 1883; - Auxiliou na fundação da Federação Francesa-Belgo-Latina, em 1883; - Durante os anos de 1886, 1887, 1888, 1889 e 1890 fez inúmeras conferências de propaganda do Espiritismo. - Em julho de 1896 apareceu o 1.º número da Revista Científica Moral do Espiritismo, fundada por Gabriel Delanne. 

Deixou-nos diversas obras, entre as quais, citamos:Le Spiritisme devant la Science (O Espiritismo perante a Ciência), em 1885; Le Phénomène Spirite (O Fenômeno Espírita), em 1896;L’Évolution Animique (A Evolução Anímica), em 1897. (BODIER e REGNAULT, 1988).

3.3.3. CAMILLE FLAMMARION (1842-1925) 

Flammarion foi um homem cujas obras encheram de luzes o século XIX. Ele era o mais velho de uma família de quatro filhos, entretanto, desde muito jovem se revelaram nele qualidades excepcionais. Queixava-se constantemente que o tempo não lhe deixava fazer um décimo daquilo que planejava. Aos quatro anos de idade já sabia ler, aos quatro e meio sabia escrever e aos cinco já dominava rudimentos de gramática e aritmética. Tornou-se o primeiro aluno da escola onde freqüentava. Para que ele seguisse a carreira eclesiástica, puseram-no a aprender latim com o vigário Lassalle. Aí Flammarion conheceu o Novo Testamento e a Oratória. Em pouco tempo estava lendo os discursos de Massilon e Bonsuet. O padre Mirbel falou da beleza da ciência e da grandeza da Astronomia e mal sabia que um de seus auxiliares lhe bebia as palavras. Esse auxiliar era Camille. 

Tornando-se espírita convicto, foi amigo pessoal e dedicado de Allan Kardec, tendo sido o orador designado para proferir as últimas palavras à beira do túmulo do Codificador do Espiritismo, a quem denominou o bom senso encarnado. Camille Flammarion, segundo Gabriel Delanne, foi um filósofo enxertado em sábio, possuindo a arte da ciência e a ciência da arte. Flammarion – poeta dos Céus, como o denominava Michelet –  tornou- se baluarte do Espiritismo, pois, sempre coerente com suas convicções inabaláveis, foi um verdadeiro idealista e inovador. 

Eis algumas de suas obras: Deus na Natureza, As Casas Mal- Assombradas, Narrações do Infinito, Sonhos Estelares, Urânia, Estela e O Fim do Mundo. (Grandes Vultos do Espiritismo) 

4. CONTRIBUIÇÃO ITALIANA: 
4.1. ERNESTO BOZZANO (1861-1943) 

A contribuição de Ernesto Bozzano foi providencial para a propagação do Espiritismo além fronteira francesa. Bozzano era um cientista materialista-positivista. Em 1891 o professor Ribot, diretor da "Revista Filosófica", informou-o do lançamento da revista "Anais das Ciências Psíquicas", dirigida pelo Dr. Darieux, sob a inspiração do professor Charles Richet. A sua primeira impressão sobre a revista foi desairosa, dado o fato de considerar verdadeiro escândalo a circunstância de representantes da ciência oficial discutirem seriamente a possibilidade da transmissão do pensamento de um a outro continente, da aparição de fantasmas e das casas mal-assombradas. O prof. Rosenbach de Peterburgo escrevera violento artigo na "Revista Filosófica", contra a introdução desse novo misticismo no domínio da psicologia oficial. Na edição subseqüente, Richet refutou ponto por ponto, as afirmações errôneas de Rosenbach e as suas inconsistentes considerações, tendo esse artigo o mérito de convencer Bozzano. 

Nesses mesmos dias aparecia o famoso livro de Gurney, Podmore e Myers: "Fantasmas dos Vivos", relatando grande número de casos devidamente controlados e bem documentados. Os últimos resquícios de dúvida de Bozzano em torno da crença na existência de fenômenos telepáticos foram assim dissipados. Daí por diante dedicou-se, com fervor, ao estudo dos fenômenos espíritas, através das obras de Kardec, Léon Denis, Delanne, Gibier, Crookes, Wallace e outros. 

Formou um grupo com a participação do dr. Giuseppe Venzano, Luigi Vassalo e os professores Enrique Morselli e francisco Porro, da Universidade de Gênova. Esse grupo deu o que falar à imprensa italiana e estrangeira, pois praticamente havia se obtido a realização de quase todos os fenômenos, culminando com a materialização de seis espíritos perfeitamente visíveis. 

Escreveu, entre outras, as seguintes obras: Dos Casos de Identificação Espírita, Dos Fenômenos Premonitórios, Animismo e Espiritismo, Pensamento e Vontade, Os Enigmas da Psicometria, A Crise da Morte, Xenoglossia. (Anuário Espírita de 1966) 

7. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA: 

ABREU, C. Bezerra de Menezes - Subsídios para a História do Espiritismo no Brasil, até o ano de 1895.
Anuário Espírita de 1966, Araras, Ide, 1966.
BODIER, Paul e REGNAULT, Henri. Gabriel Delanne: Sua Vida, seu Apostolado, sua Obra. Rio de Janeiro, C. E. Léon Denis, 1988.
FERNANDES, Washington Luís Nogueira. Atos do Apóstolo Espírita: Conheça um pouco a Vida de Divaldo. São Paulo: Feesp, 2000.
Grandes Vultos do Espiritismo.
IBSEN, S. R. (Organizador). Chico Xavier por ele mesmo. São Paulo, Martin Claret, 1994.
KARDEC, A. O Que é o Espiritismo. 23. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1981.
LUCE, G. Vida e Obra de Léon Denis. São Paulo, Edicel, 1968.
MARTINS, Celso. Recordando Deolindo Amorim Capivari, Lar/ABC, 1989.
RIZZINI, Jorge. J. Herculano Pires: O Apóstolo de Kardec. São Paulo: Paidéia, 2001.
XAVIER, F. C. Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, pelo Espírito Humberto de Campos. 11. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1977. 



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